A Cabana
Wm. Paul Young
Editora: Porto Editora
Sinopse: E se Deus marcasse um encontro consigo?
As férias de Mackenzie Allen Philip com a família na floresta do estado de Oregon tornaram-se num pesadelo. Missy, a filha mais nova, foi raptada e, de acordo com as provas encontradas numa cabana abandonada, brutalmente assassinada.
Quatro anos mais tarde, Mack, mergulhado numa depressão da qual nunca recuperou, recebe um bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à malograda cabana.
Ainda que confuso, Mack decide regressar à montanha e reviver todo aquele pesadelo. O que ele vai encontrar naquela cabana mudará o seu mundo para sempre.
Opinião: A Cabana, primeiro livro de Wm. Paul Young, é um livro que pretende fazer chegar ao leitor diversas mensagens sobre as mais diversas características do ser humano, principalmente no que toca ao seu relacionamento com Deus e com terceiros. Aborda desde as origens do sofrimento ao julgamento fácil e precipitado, levando o leitor a vários momentos de introspecção e de reflexão. Para interessados em teologia e até filosofia, pode bem servir como base para infinitas discussões.
A história começou muito bem, fluida e interessante, tendo-me prendido fortemente ao enredo. Quando um pai corre para salvar um filho do afogamento e ao acalmar descobre que a filha foi raptada, é inevitável questionar-se sobre a justiça divina. Mais tarde, descobre que foi assassinada, sem rasto do assassino a não ser uma macabra joaninha cujas pintas correspondem ao número de vítimas já mortas. Até este ponto, a leitura decorreu quase num sopro, a escrita é boa e os personagens interessantes.
Não interessa se se é religioso ou não, se se é cristão ou não, quando se pega neste livro. Interessa sim que o leitor consiga manter uma mente aberta e tirar realmente proveito das temáticas abordadas. Quando Mack volta à Cabana para se encontrar com Deus, são várias as experiências por que passa, sempre com o objectivo de o libertar de amarras, mágoas ou ideias erradas. Existe uma tentativa de voltar a passar a mensagem primordial de Deus em que o amor e o relacionamento em comunhão com Ele são a única salvação para um mundo obstruído e contaminado pela forte tendência dos seres humanos em serem independentes Dele.
O autor apresenta então a trindade Deus, Jesus e Espírito Santo, como mensageiros de uma só visão, mas por três perspectivas diferentes. Deus veste a pele de uma mulher (isto porque Mack tem problemas com a figura paterna em si), tal como o Espírito Santo, sendo apenas Jesus transcrito como é comum imaginá-lo. Existe ainda Sophia, a sabedoria de Deus, que entra como uma quarta personagem confrontando Mack com um possível julgamento a Deus.
Não me considero uma iluminada nem nada que se pareça, sou uma pessoa interessada por diversos temas e sem dúvida que a religião e as crenças sempre foram um objecto de estudo interessante para mim. Sendo eu uma pessoa com uma mente científica e lógica, admito um certo fascínio por quem consegue ficar satisfeito com uma justificação esotérica ou espiritual. Outro aspecto que sempre me espigaçou a entrar em debates sobre religião e o que se faz em nome dela, é a capacidade de o ser humano julgar terceiros com uma facilidade tremenda, como se fosse dono da verdade. Tudo isto e muito mais é abordado neste livro, mas sinceramente não causou nenhum impacto especial em mim nem me trouxe nada de novo. Houve alturas em que achei a interação e a mensagem tão óbvias que acabei por achar Mack um tanto quanto infantil nas suas reacções.
Para quem não costuma reflectir sobre estes temas, acredito que seja um livro que marque, que dê que pensar e que para alguns seja até transformador. O facto de o autor ter escrito a obra inicialmente para os seus filhos, talvez justifique um pouco o tipo da abordagem utilizada. A Cabana é um livro que tem a sua beleza, mas que, a nível pessoal, soube a pouco. Ainda assim, para quem se sente perdido e acha que precisa de se reconectar com o seu lado espiritual é capaz de ser uma boa leitura.
Eu sou cristã e não aguentei ler este livro. Devo ter lido umas trinta páginas e foi o suficiente para mim; não gostei da escrita.