Os Adivinhos
Libba Bray
Editora: ASA/1001 Mundos
Sinopse: Evie O’Neill foi exilada da sua monótona e pacata cidade natal e enviada para as agitadas ruas de Nova Iorque – e fica radiante! Nova Iorque é a cidade dos bares clandestinos, das compras e dos cinemas! Pouco depois, Evie começa a andar com as glamorosas «Ziegfield Girls» e com atraentes carteiristas. O único problema é que Evie tem de viver com o seu tio Will, curador do Museu Americano de Folclore, Superstição e Ocultismo – também conhecido como «O Museu dos Arrepios», homem com uma pouso saudável obsessão pelo oculto.
Evie receia que ele descubra o seu segredo mais sombrio: um poder sobrenatural que até ao momento só lhe causou problemas. Porém, quando a polícia encontra uma rapariga morta que tem um estranho símbolo gravado na testa e Will é chamado ao local, Evie percebe que o seu dom pode ajudar a apanhar o assassino em série.
Quando Evie mergulha de cabeça numa dança com um assassino, outras histórias se desenrolam na cidade que nunca dorme. Um jovem chamado Memphis é apanhado entre dois mundos. Uma corista chamada Theta anda a fugir do seu passado. Um estudante chamado Jericho esconde um segredo chocante. E sem que ninguém saiba, algo sombrio e maligno despertou.
Opinião: Já há bastante tempo que andava para pegar numa das obras de Libba Bray, mas só agora com a edição portuguesa d’Os Adivinhos é que me decidi a finalmente dar-lhe uma oportunidade. Esta oportunidade acabou por se revelar bastante enriquecedora, e dei por mim bastante surpreendida com a capacidade da autora em criar uma obra extremamente rica em histórias complexas, pormenores sublimes e personagens muitíssimo interessantes. Tudo isto sem perder o fio à meada, orientando sempre o leitor nas alturas certas para que este se volte a focar na trama principal.
Encontramo-nos nos anos 20 e Nova Iorque fervilha em actividade. São tempos de mudança em que o velho e o novo lutam pelo seu espaço, havendo sempre lugar para as suas peculiaridades e superstições. Existe um burburinho, uma agitação que começa a assolar os mais antigos e uma certeza cada vez mais sentida: ‘Eles estão a chegar.’ Enquanto isso, um mal trabalha nas sombras, recriando uma lenda antiga e espalhando o temor pela população.
Como protagonistas vamos tendo vários personagens com passados e presentes especiais, mas que escondem segredos cujo medo de os revelarem impelem-nos a vestirem outras peles, a passarem por outro tipo de pessoas. Porém, o destino parece começar a tecer as suas teias e a compeli-los para um mesmo epicentro. Certas coincidências levam-nos a quererem finalmente assumir os seus poderes, numa maior compreensão e luta contra o que se aproxima.
A narrativa é fluida, apesar de bastante pormenorizada. O leitor é muito bem contextualizado devido à escrita quase cinematográfica, sendo transportado para todos os cenários de forma bastante intensa. Num misto de terror fantástico com mistério e um pouco de romance à mistura, Os Adivinhos proporcionam uma riqueza diversificada de emoções e ansiedades. Nota-se que Libba Brey não se poupou a esforços no estudo e na investigação dos costumes e superstições daquele tempo.
Todo o enredo e fim da trama funcionam quase como uma espécie de introdução para algo ainda maior que é agora despoletado. Depois de uns tantos marcos violentos e macabros, outros cómicos e ainda alguns de profunda cumplicidade, fica a extrema vontade de ler a continuação desta que promete vir a ser uma saga muito boa. Gostei imenso.