Entrevista aos Octa Push, Banda Portuguesa [Banda Fusing]

Para quem é fã de música electrónica, certamente que o nome Octa Push não é de todo desconhecido. Já experientes em vários palcos nacionais e internacionais, esta dupla de irmãos irá actuar este Verão no Fusing e foi este, em conjunto com Oito, o álbum de estreia, que inclui o single Please, Please, Please que toca em todo o lado, o principal pretexto para os entrevistar. Se as vantagens de serem irmãos superam as desvantagens, isso é outra história, mas Bruno e Leo mostram ser um caso de sucesso, e é precisamente por aí que começamos. De notar que a sua música, dos Octa Push, ultrapassa qualquer definição que possa haver de música electrónica e que qualquer tentativa de a encaixar num determinado sub-género será sempre redutor no que toca à capacidade de criarem novas sonoridades e de conjugarem tantas outras. 

Dizem que os irmãos conseguem ter relacionamentos complicados, mas ao que parece o vosso caso é precisamente o oposto. Como é que se deu o salto de passarem de simples dois irmãos de Carcavelos a fazerem música para os Octa Push, esta referência da música electrónica em Portugal?

Bruno: Começámos por fazer música separadamente, depois uns amigos nossos da Conspira (Iberian Records), desafiaram-nos a juntarmo-nos em forma de projecto live. Certo dia marcaram-nos uma data no Porto e tivemos que arranjar um nome e um live-act em pouco tempo. O feedback foi bom e as coisas foram aparecendo.

Leo: Olá! Por acaso foi através de Octa Push que começámos a falar mais, e enquanto novos foi também pela música que muitas vezes nos chateávamos. Basta lembrar as vezes que o meu irmão, com 12 ou 13 anos, me lixava os projectos de música que tinha no Pc da altura. 

De onde vem o nome Octa Push e de que maneira é que se relaciona com as máscaras que já são uma imagem de marca? Porquê a utilização das mesmas?

Bruno: O nome Octa Push apareceu um pouco à pressa e consiste num trocadilho entre premir os botões, oitavas musicais e um polvo e os seus tentáculos que representam um pouco os vários estilos que pretendemos incorporar na nossa música.

As mascaras apareceram há bastante tempo, ainda num dos primeiros lançamentos da Iberian Records, um pouco pelo nosso estilo de som e porque a nossa família viveu na Guiné e crescemos numa casa cheia de máscaras e artefactos africanos.

Leo: Sim, e depois em 2010/2011 apareceu o SBTRKT e lixou-nos o esquema. Já há algum tempo que não as usamos na nossa comunicação, embora por vezes continuem a aparecer na internet e afins. 

O vosso som mistura elementos de géneros tão distintos que é obrigatório perguntar: quais são as vossas influências?

Bruno: Embora o nosso som assente muito na electrónica, gostamos de muitos estilos de música, desde rock, música africana, brasileira, hip-hop, tropical, etc..

Leo: O facto de termos uma diferença de idades de oito anos, e de termos tido inícios diferentes (o Bruno mais no Hip-Hop e eu mais em bandas de rock alternativo) acaba por influenciar também na criação. Com o tempo as influências electrónicas uniram-nos, mas o passado está lá.

Já tinham uma ideia definida do som que queriam ou foi surgindo com o tempo?

Bruno: No inicio tínhamos, queríamos fazer música para a pista de dança, fundir linguagens mais britânicas com música tradicional africana.

No entanto, ao fazermos o álbum “Oito” e com a entrada de alguns convidados, o nosso som acabou por ficar diferente.

Leo: Sim,  acabou por ficar mais experimental em algumas músicas, outras mais pop, e outras menos dançáveis e mais introspectivas. 

Termos começado a levar mais a sério o formato banda acabou por influenciar também algumas mudanças a nível de criação. Hoje ao produzirmos já pensamos na hipótese de ter baixo, voz, guitarra, balafon ou outro instrumento qualquer.

Costumam convidar músicos para colaborar convosco. Qual seria o vosso convidado de sonho?

Bruno: Temos alguns, desde Oumou Sangaré até ao Prince.

Leo: A nível nacional, por acaso temos estado a pensar nessa questão. Convidar gente que gostamos e que há uns anos seria impensável trabalhar. Não no sentido de que a colaboração poderia ser boa para vender, mas no sentido de realização pessoal.

Qual foi a sensação ao verem-se referenciados pelo grande Thom Yorke no site dos Radiohead?

Bruno: Foi uma enorme surpresa, gostamos muito do trabalho dele. Foi uma grande honra!

Leo: Realização pessoal acima de tudo. Vi-os no Coliseu há bastantes anos atrás na fila da frente. Acho que diz tudo 🙂

O vosso currículo internacional é invejável. Gostam mais de actuar lá fora que em Portugal? Sentem algum tipo de barreiras na cultura musical nacional que lá fora não sentem?

Bruno: Há uns anos sim, hoje em dia não tanto. Com a internet e todas estas aproximações as coisas vão-se tornando mais homogéneas.

Leo: Por acaso não vejo muitas diferenças. Já tocámos em Festivais lá fora distintos, uns mais alternativos muito semelhantes a um Boom Festival por exemplo, como no Sonar com uma organização mais semelhante a outros em que já tocámos cá (SBSR, Alive, etc…). As festas pequenas também são parecidas. Quanto às pessoas é difícil generalizar, talvez só indo várias vezes ao mesmo país. Indo só uma vez pode-se correr o risco de julgar algo que não é, como por exemplo alguém ir de férias para um país, ter o azar de ser mal atendido um ou duas vezes e voltar a dizer que a malta desse país é antipático quando na realidade não o é.

Contem-nos o que foram fazer para o Quénia, onde passaram uma temporada. O que vos trouxe essa experiência?

Bruno: Estivemos numa residência artística promovida pelo instituto alemão Goethe Innstitute, chamada Ten Cities.

Visava intercâmbio de músicos de 5 cidades europeias e 5 africanas. Nós, juntamente com Batida, fomos os portugueses, estivemos 3 semanas a fazer música numa casa, tínhamos visitas de músicos locais desde instrumentistas como cantores, MC, produtores etc. Tivemos um concerto lá também.

Foi uma experiência para a vida!

Leo: Foi lindo. A seguir ao verão sai uma compilação com o resultado desse intercâmbio. Vamos ter 2 temas numa editora que admiramos muito e da qual temos alguns CD. O que fica também foi a relação que desenvolvemos com o Pedro Coquenão – Batida. Não é todos os dias que se vê o Batida de pijama e pantufa.

Este Verão vão actuar no Fusing. Alguma vez actuaram num palco em plena praia privativa?

Bruno: Nunca, vai ser uma grande experiência! 

Leo: Vai ser a primeira vez que vou estar numa praia privativa sem medo de ser catado por não ter pulseira. 

Vão ter tempo de usufruir da Gastronomia, dos Desportos Náuticos e ainda de apreciar a arte urbana que o Fusing irá oferecer nesta edição de 2014?

Bruno: Esperemos que sim, parece-nos interessante o conceito e vamos querer aproveitar! 

Leo: Claro! Não sou um bom garfo, mas a toalha e o chinelo irão acompanhar-me para quase todo o lado.

O cartaz do Fusing contém maioritariamente projectos portugueses, sendo que vocês são cabeça de cartaz do Palco Experience. É importante para vocês este tipo de destaque para que a música electrónica portuguesa seja mais valorizada?

Bruno: É sempre importante que se dê valor ao que o pessoal local anda a fazer. Temos projectos musicais de enorme qualidade que só precisam que apostem neles. É de salutar este tipo de festival. 

Leo: Lá mais em cima na entrevista falava-se da cultura Nacional.. e é isto que está a mudar. Aposto que esta aposta no que é Nacional vai ser um sucesso. 

Que expectativas é que têm para o vosso futuro?

Bruno: Não gostamos muito de alimentar expectativas.

Leo: Mas mesmo sem alimentar expectativas podemos dizer para já, que estamos muito contentes com aquilo que temos feito nos últimos meses e que poderá ser o nosso próximo álbum. 

Muito obrigada, Leo e Bruno! Vemo-nos no Fusing!

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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