[Reportagem] Fusing Culture Experience – Dia 3 – Música – É caso para dizer “No fim é que está a virtude”

Fazer a reportagem de um último dia de festival, deixa sempre alguma nostalgia. A minha primeira experiência “jornalística” e fotográfica num festival foi no Fusing, e sendo este um evento tão único ao nível da promoção da música portuguesa, eu não me poderia sentir mais orgulhosa Do Fusing, da nossa música, dos nossos artistas, de toda uma dinâmica que envolveu estes três dias, tornando-os únicos. Não foi só da música que o festival se fez, houve uma componente gastronómica fortíssima, belíssimas peças de arte urbana e de exposição fotográfica, uma vila inteira só para desportos aquáticos, mas foi na música que acabei por me centrar, sentindo-me ávida pelo que os nossos artistas tinham para nos oferecer.

Fotografia por Sofia Teixeira

E foi assim que comecei o dia 16, com o concurso da Garagem ao Palco, em que seis bandas concorreram entre si para a gravação de um EP. Ainda não sei os resultados, mas dou-me à liberdade de dizer que, por mim, ganhavam os Les Crazy Coconuts, mas assim não foi. Ficaram em segundo! Sem dúvida uma banda diferente de tudo o que eu já vi, cá dentro e no estrangeiro, e como tal só posso desejar que alguém com mais poder consiga ver isso e o potencial enorme que eles têm.

Fotografia por Sofia Teixeira

Seguiu-se Orlando Santos, num registo mais reggae, a ser emoldurado por um crepúsculo bonito. Num estilo descontraído, mostrou o seu trabalho, sem grandes percalços e com um público mais alternativo do que a restante onda mais rock portuguesa.

Fotografia por Sofia Teixeira

Foi então que a noite de espectáculos começou e com ela uma das maiores referências da nova música portuguesa – B Fachada. Um dos músicos que mais gostei de entrevistar e que me faz sentir orgulhosa por ter artistas assim. Não se rege pela boa política, nem pela má, faz o que tem de ser feito, diz o que tem a ser dito, e prova disso foi a efusividade do público que rapidamente se fez sentir. Entre temas novos e outros mais antigos, o sorriso e a boa disposição foram constantes e ainda houve tempo para um remate mesmo à B Fachada – «O verdadeiro one man band – o legendário B Fachada!», ao que se seguiu uma onde de aplausos e de ovações. Após ano e meio de paragem, as saudades eram mais que sentidas e melhor início dificilmente poderia haver. Um artista que abriu o palco principal, mas que poderia certamente também fechá-lo.

Fotografia por Sofia Teixeira

Dead Combo, se houvessem palavras suficientemente sentidas e expressivas para escrever sobre eles, eu utilizaria-as todas. Tó Trips e Pedro Gonçalves são, para mim, dois músicos de referência – em tudo o que fazem. Desde a sua música, out of the box com a personalidade própria, à sua postura – sempre humildes, sempre senhores de si, em que a única coisa que realmente interessa ali é a música. Já conhecidos pelos seus altares característicos, A Bunch of Meninos foi trabalho protagonista, mas outros temas foram revisitados. Entre os vários instrumentos e as posturas próprias dos artistas, estivemos perante um concerto que deliciou quem lá esteve, mas que merecia muito mais público.

Fotografia por Sofia Teixeira

Entre Dead Combo e The Legendary Tigerman, coube o horário ingrato a Ana Miró, conhecida como Sequin. Não consegui ver o concerto todo, mas deu para abrir o apetite e foi uma delícia ver a alegria da cantora enquanto actuava. Acompanhada por Filipe nos sintetizadores, durante o tempo qufe lá estive, foram apresentados temas de Penelope e ainda um novo. Uma grande promessa da música electrónica portuguesa.

Fotografia por Sofia Teixeira

Foi a vez do muito esperado Paulo Furtado, no seu projecto The Legendary Tigerman. Com o álbum True lançado no primeiro trimestre deste ano, vários dos temas explodiram na actuação, onde a energia electrizante do artista esteve sempre a 1000%, transmitindo esse mesmo entusiasmo ao público, que acabou por “invadir” o fosso dos fotógrafos e onde ficaram até ao final do concerto. Porque o palco pareceu pequeno, até em cima da bateria tivemos o nosso homem-tigre e foi uma das grandes actuações da noite. 

Fotografia por Sofia Teixeira

Por último e, em claro destaque, Paus – uma banda portuguesa que tem conquistado o mundo como poucos têm conseguido! Com Clarão lançado este ano, e com a entrada de Fábio Jevelim no alinhamento oficial, o som de paus tem ganho outra vida, em que a guitarra tem feito diferença nos sons mais rasgados. O concerto até poderia ter começado como outro qualquer, só que, sem admiração, assim não foi – o baterista Hélio Morais só deixou o concerto começar depois de os seguranças deixarem entrar público para o fosso dos fotógrafos! Em jeito de crítica, ou não, o baterista fez notar que haviam mais fotógrafos no Fusing do que no Alive «E mais não digo!». Foi um concerto bonito, que acabou de sapatos no ar, com um óptimo espírito, tendo sido uma excelente maneira de fechar o palco principal deste Fusing Culture Experience.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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