Após quatro dias de actividades na vila, temos recinto aberto e os grandes concertos já começaram! Se durante o dia o tempo se fez sentir quente, é certo que quando a noite chegou e se aproximaram as 21h, hora de início do primeiro concerto, o frio era já uma certeza, mas nada que intimidasse o festivaleiros de Paredes de Coura. A bater o dente ou vestidos até às orelhas, o início da noite esteve bem composto. A noite prometia concertos completamente diferentes: Capicua a abrir com rap, Cage The Elephant a prometer partir no seu rock enérgico, Janelle Monáe a trazer todo um espectáculo pop e Public Service Broadcasting a fecharem o palco principal com a sua música electrónica.
Fotografia por Hugo Lima |
Ana Matos, Capicua, foi quem abriu esta edição do Vodafone Paredes de Coura. Fazendo-se acompanhar por M7 e companhia, num estilo que já lhe é conhecido, iniciou a sua actuação com o vídeo de apresentação e, entre declamações e músicas mais fortes, acabou por dar um concerto interessante que culminou na última música com todo o anfiteatro courense a colocar os braços no ar, formando uma moldura humana bonita. Tendo como ponte forte o conteúdo das suas letras, Capicua mostra que está cá para ficar e conquistar os apreciadores do género.
Fotografia por Hugo Lima |
Cage The Elephant, para mim, o concerto da noite. Não tinha grandes expectativas, é daquelas bandas que adoro ouvir no carro em viagem, mas que no quotidiano nem sequer ouço muito. Em concerto, não só me surpreenderam como me transportaram para uns tempos de rock & roll que já não existem, com vocalistas carismáticos e uma energia em palco electrizante. Para terem noção do que falo, seja descabido ou não, fez-me lembrar o Mick Jagger! Completamente louco, totalmente apaixonado e, sem dúvida alguma, detentor de um grande talento. Entre danças pulsantes e interacções com o público constantes, Matthew Shultz foi rei, em que até nos ombros do público, que o acolheu sem quererem acreditar no que estava a acontecer, se colocou de pé. Sem seguranças, sem nada entre ele e o público – memorável.
Fotografia por Hugo Lima |
Depois de um concerto como o anterior, a tarefa de cumprir com a fasquia elevada previa-se muito difícil. Num estilo completamente diferente dos anteriores, Janelle Monáe entrou em palco sem qualquer reserva, senhora de si mesma, e decidida a mostrar que ainda existem bons espectáculos pop. Não sendo um estilo de música que aprecio muito, reconheço que todo o cenário teatral e musical soube animar as hostes, fazendo esquecer o frio por uns belos momentos. Uma actuação repleta de sensualidade e com interacções com o público importantes em que a cantora evidenciou que todos deviam ser tratados da mesma maneira, independentemente da religião, cor de pele ou qualquer outra preferência. Dois encores depois, o concerto termina após Janelle Monáe “obrigar” toda a gente a sentar, mas depois se levantarem numa dança imparável.
Fotografia por Hugo Lima |
Para fechar a noite, tivemos os Public Service Broadcasting, que trouxeram um novo conceito de música, talvez não muito apreciado ainda em Portugal, mas que na minha opinião tem todo o potencial para conquistar devidamente um bom número de pessoas. Entre teclados, sintetizadores, guitarras e violas, uma bateria constante e vários samples, coube-lhes a ingrata missão de manter o público interactivo – coisa que aconteceu com alguma dificuldade. Não havendo voz directamente a puxar pelo público, este nem sempre percebeu que partes dos samples lhe eram dirigidas. Ainda assim, as primeiras filas eram claramente entusiastas e, para os apreciadores do género, foi um bom concerto. Fica o destaque para toda a correlação entre as samples vocais e visuais, muito importantes para se entrar, literalmente, no conceito dos Public Service Broadcasting.