Ai que ele vem aí…! [Diário de Bordo XXIII] O Dia do Blogue (enquanto plataforma) foi ontem e eu não sabia

Antes de mais nada – primeiro Diário de Bordo pós-férias! Mudei o nome para “Ai que ele vem aí…”, pois no meu caso é difícil dizer bem o que vem aí. Seja o doutoramento, o basquet, o texto, o concerto, o que for, acaba por ser uma generalização do que possa estar ainda por chegar e que no post se concretiza. Este primeiro dia foi esgotante – o ter de deixar a minha família no norte, a viagem de 300 kms, chegar a Lisboa e ir directa para uma farmácia (isto de abusar do nosso corpo durante um mês inteiro tem consequências… continuo doente!), disparar para um almoço – interessantíssimo – que resultou numas quantas novidades que divulgarei brevemente, e a restante tarde dedicada a algum descanso e a um projecto que começo amanhã. Mas não é disto que quero falar e, antes sim, de algo que me passou ao lado no dia de ontem (tenho desculpa, estava no aniversário dos meus priminhos) – O Dia do Blogue! 

Há pouco estava a visitar alguns blogues/sites que apoio e ao visitar o Clube dos Livros, vi que tinha este post com imensas questões pertinentes e um artigo do Observador que também dá que pensar. Sou bloguer, oficialmente, desde 13 de Dezembro de 2008 e muito mudou desde então. Modéstia à parte (pronto, chamem-me arrogante), tenho sido pioneira em várias coisas no meio em que estou inserida, mas também tenho sentido, em primeira mão, todas as resistências inerentes às novidades. O Paulo Lima, autor do Clube dos Livros, coloca várias questões de que já falei aqui no blogue e no separador Opinião Blog Morrighan podem encontrar umas quantas. 

As que eu quero focar aqui hoje são as do artigo do Observador – a questão de estar na moda ter um blogue, mas também o blogue acabar por dar fama a quem o escreve. São muitos os casos em que pessoas começaram um blogue só porque sim e que hoje em dia vivem do mesmo. Normalmente são de moda, ou algo do género mais comercial e popular, e isso faz-me questionar muitas vezes o porquê de não acontecer com blogues literários, por exemplo. As respostas podem ser várias, mas eu acho que se prende com a identidade de cada um, de cada blogue. Ser-se original, trazer algo diferente e que se destaque, não é fácil. Hoje em dia, vejo um fenómeno – não agradável – a acontecer frequentemente: a mímica. 

Imitar ideias é diferente de aplicar ideias. Aplicar uma ideia, na minha opinião, é pegar nessa ideia e moldá-la ao nosso jeito, à nossa personalidade, à tal imagem de marca que cada um tem. Algo que me deixa muito desgostosa é ver autênticas transferências de ideias sem que com isso haja qualquer transformação pelo meio. Como quer um blogue criar uma imagem de marca, se basta uma pesquisa rápida e umas perguntas indiscretas para se perceber que o conteúdo não é genuíno? Também a dependência de parceiros limita essa personalidade, essa liberdade que tanto deve estar inerente a cada blogue. Liberdade de opinião, de gostos, de opções… De expressão! Seja sob que género for. Quando se tem um parceiro que fornece material para apreciação, é bom que ambas as partes tenham a noção dos moldes em que tal é feito. As editoras que trabalham comigo, por exemplo, sabem que quando me enviam um livro, a opinião que vão receber é sincera – seja positiva ou negativa! E esse é um compromisso omisso e constante que cada blogue deste tipo tem com o seu público. Então à medida que se cresce e se ganha mais seguidores, torna-se uma responsabilidade que deve ser cumprida! 

Acho que é este o maior entrave nos blogues literários para não vingarem. Falar de livros numa espécie de troca por troca não chega – pelo menos para quem quer mais do seu blogue do que apenas uma exposição dessas mesmas opiniões (o que é mais do que válido, atenção! Falo de quem gostava de poder viver do blogue como outros vivem). A solução não a posso dar porque também não a tenho, ainda não a procurei de verdade. Não ganho um único cêntimo com o blogue, mas sei que a felicidade que ele me proporciona tem sido o combustível necessário para continuar. Se se sentem assim em relação aos vossos blogues e que não precisam de fazer mais, então continuem porque o que interessa é que se sintam bem. Agora se acham que querem mais e que podiam fazer mais, FAÇAM! Arrisquem, lutem, dêem o vosso cunho às vossas acções, peçam conselhos, procurem outras opiniões. Eu não sei que rumo o Morrighan vai tomar no futuro, mas sei que tenho sempre vontade de fazer mais, de intervir mais, e com isso tenho tido experiências inacreditáveis e conhecido pessoas fantásticas. Não pensem que as oportunidades que tenho tido caem do céu. Luto por cada uma delas com provas do meu esforço e da minha dedicação através do trabalho que faço aqui no blogue.

Um assunto que dá pano para mangas mas, resumindo, um blogue deve ser um espaço de independência e de liberdade de expressão. É isso que eu espero de um blogue e que não encontro em muitos outros meios de comunicação, seja por serem institucionais, por terem assumido outro tipo de postura, o que for. Na definição directa, um blogue é um diário que passou do papel para a internet. Posto isto, e sendo cada pessoa única, seria bom que cada blogue fosse único. Pensem nisso e naquilo que querem realmente dos vossos projectos, quem os tem. 

Vá, prometo posts menos sérios para a próxima, mas convido-vos a debaterem algum destes temas se acharem que tal. Beijos e até ao próximo Diário de Bordo! 

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2 Comentários
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Clube dos Livros
Clube dos Livros
10 anos atrás

Nem sei que te comente!
Concordo tanto com tudo que…

Continuo no entanto à procura de respostas para as minhas questões. 🙂

Morrighan
Morrighan
10 anos atrás

Claro. Eu acho que o mais importante é continuar a levantar questões e dúvidas. Hei-de pensar nas tuas 🙂

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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