Depois de terminada a leitura internacional, decidida por vós, Nunca Digas Nada, decidi ficar com duas leituras nacionais até terminas Moçambique – para a mãe lembrar como foi. A segunda leitura nacional é Montedor de J. Rentes de Carvalho, um autor que há muito que queria experimentar ler. Deixo-vos a sinopse:
Ao longo das gerações são sem conta as famílias portuguesas onde há alguém como o triste protagonista de Montedor: rapaz sem futuro, com um passado apenas de sonhos, arrastando-se num presente que é verdadeira morte lenta.
Mau grado a simplicidade das personagens e das cenas, há no romance uma tensão permanente, pode com verdade dizer-se que quase cada página encerra um momento dramático, ou antecipa uma tragédia, a qual, talvez porque raro chega a acontecer, cria um desespero cinzento, retratando bem, e cruamente, os medos e o sofrimento da sociedade portuguesa, passada e presente.
Publicado pela primeira vez em 1968, Montedor é o romance de estreia de J. Rentes de Carvalho, sobre o qual escreveu José Saramago: «O autor dá-nos o quase esquecido prazer de uma linguagem em que a simplicidade vai de par com a riqueza (…), uma linguagem que decide sugerir e propor, em vez de explicar e impor.»