Opinião: A Primeira Regra dos Feiticeiros – Parte I, de Terry Goodkind

A Primeira Regra dos Feiticeiros – Parte I

Terry Goodkind

Editora: Porto Editora

Sinopse: Richard Cypher é um jovem guia em Hartland, à procura de respostas para o assassinato brutal do pai. Na floresta onde se refugia, encontra uma mulher misteriosa, Kahlan Amnell, que precisa da sua ajuda para fugir aos sequazes do temível Darken Rahl, governante de D’Hara, praticante da mais temível magia negra e um homem ávido por vingança.

Num golpe de verdadeira magia, Richard passa a deter nas suas mãos o destino de três nações e, sobretudo, da própria humanidade. O seu mundo, as suas crenças e a sua própria essência serão abalados e testados, à medida que Richard lida com amigos e inimigos, com a crueldade extrema e a compaixão dedicada, experimentando a paixão, o amor e a raiva, e o seu impacto na missão que lhe é imposta: ser aquele que procura a verdade.

Opinião: É sempre difícil classificar uma obra que não se encontra no seu todo. Dado o volume de páginas do original primeiro livro da série A Espada da Verdade, a Porto Editora optou por dividi-lo em dois. Sinceramente compreendo a opção e, enquanto leitora, se já achei este livro grande e pesado, tê-lo por inteiro seria muito pior tornando, provavelmente, a leitura mais morosa. No entanto, existe o reverso da medalha que, principalmente num primeiro volume onde nos é apresentado o universo para que somos transportados, faz com que saiba a pouco. 

O grande ponto forte deste livro, e por isso a minha ideia de ser para os mais jovens, para uma faixa etária onde a formação é mais forte, é a grande exploração que existe dos personagens enquanto pessoas, colocando à prova os seus verdadeiros valores, motivações e a sua “pureza” de espírito, revelando as suas verdadeiras intenções por trás das acções. Existe um mal, que envolve magia, que ameaça destruir tudo e todos, e existe um herói que juntamente com outros companheiros – uma Confessora, um Feiticeiro e um Guardião – parte da sua zona de conforto para o poder destruir. É um teste e um confronto às verdadeiras crenças, força de vontade e capacidade de sacrifício. Transpor todos estes valores para a vida real é completamente automático. 

Em relação ao mundo fantástico que nos é apresentado, este encontra-se dividido em três zonas, separadas por fronteiras erguidas através da magia, em que a Zona Ocidental, onde Richard – o seeker – vive, é suposta não conter nenhuma magia. O problema é que começam a aparecer criaturas estranhas e cedo este descobre que as fronteiras estão prestes a desaparecerem, tornando ainda mais fácil o mal varrer tudo por onde passar. É um enredo muito rico em diversidade de seres e personalidades, que explora então essa dicotomia do ser e do parecer, dos segredos por revelar, mas acima de tudo de haver a vontade de se fazer justiça. 

O primeiro sentimento que me assalta no final desta obra é que se o tivesse lido há dez anos, tinha conseguido ligar-me muito mais à estória e ao enredo. Não sei se é das minhas leituras, entretanto, terem diversificado para outros campos, mas enquanto há uns anos eu ficava fascinada com todo este worldbuilding e toda esta demanda na luta pela justiça, hoje em dia isso já não me basta. Preciso de personagens mais desenvolvidas, sentimentos mais profundos, um enredo, mesmo que fantástico, mais forte. Não que a esta primeira metade d’A Primeira Regra dos Feiticeiros lhe falte isso tudo, a minha sensação é que o público-alvo talvez seja mais jovem ou para alguém que gosta de contextos mais simples. 

A linguagem é muito fácil, acessível a qualquer faixa etária, fluida e com um ritmo de acção agradável. A narrativa baseia-se, maioritariamente, em diálogos, o que me agrada imenso, tendo na mesma uma boa dose de descrição para que possamos visualizar tudo à nossa volta. Gostei imenso do feiticeiro, uma das minhas personagens preferidas, e passadas cem páginas dei conta que este é o livro que deu origem à série Legend of The Seeker da ABC Studios. Graças a esta associação, foram vários os momentos que me fizeram rir ao associar os personagens aos actores. Foi uma leitura leve, mesmo com os seus momentos mais pesados e mais obscuros, que aconselho facilmente a quem aprecie este tipo de tramas. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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