Existem bandas cuja especialidade é serem uma surpresa constante. Não que se não se espere deles o que mostram, mas porque é sempre ainda melhor do que se poderia imaginar. Los Waves é uma dessas bandas. Desde o primeiro single Darling que fiquei de sobreaviso com eles – dois minutos e nove segundos que me levaram para vários mundos, mas ao mesmo tempo me mantiveram afastada deles. É que embora a sonoridade me lembre um pouco The Strokes e a voz The Kooks, é inegável que o trio composto por Jose Tornada, Jorge Da Fonseca e mais tarde Bruno Santos, tem já um ritmo e um compasso únicos.
This Is Los Waves So What? é o primeiro disco desta banda que começou como League em Londres e que agora conquista Portugal a olhos vistos. Em minha defesa tenho a dizer que esta opinião não vai ser de todo imparcial. Desde que recebi o disco que foi raro o dia em que ainda não o ouvi, fosse em casa a trabalhar ou no carro a caminho do trabalho. Existe uma familiaridade e um conforto raros enquanto se ouve este disco.
Começamos a viagem com Hyperflowers, em que a guitarra é senhora e rainha e a melodia um sussurro aos nossos corações. Segue-se Modern Velvet, a minha preferida, confesso, onde a bateria e as teclas marcam compasso e a voz clama por liberdade e esperança. Um som mais electrónico que é procedido pelo primeiro single deste disco – Strange Kind of Love – em que o ritmo muda para uma onda rock mais pura. Golden Maps, um clássico da banda em Inglaterra, volta a misturar as componentes electrónica e rock numa estética poderosa em que a letra e o som se conjugam numa busca por decifrar. A nossa conhecida Darling é a presença seguinte e é seguida de Your World, uma música que dá uma perspectiva de insatisfação perante outra pessoa. How do I Know vem para nos transportar para outro universo imagético, a lembrar um pouco Tame Impala. Got a Feeling traz novo ritmo e uma sensação espacial diferente, intensa. Jupiter Blues é, provavelmente, a música mais pura, em termos de guitarra a puxar o rock, do disco a fazer-me lembrar alguns clássicos de décadas anteriores. Still Kind Of Strange How Days Won’t Go By é a presença acústica do disco, numa onda mais melancólica que puxa ao individualismo. O disco fecha-se com Belong (Sister) na mesma onda calma e saudosista. (Este parágrafo é, obviamente, reflexo da minha interpretação pessoal do disco)
As influências parecem ser mais que muitas e variadas, mas o que gosto mesmo é a capacidade de cada som ter a sua personalidade, a sua marca em quem ouve. A mistura de bateria com riffs de guitarra fortes, o reforço com as teclas e a voz adaptada à sonoridade, fazem com que este This Is Los Waves So What? marque o ponto de partida definitivo para uma carreira que acredito, sinceramente, que venha a ser cheia de sucessos e conquistas. A edição está muito cuidada, as gravações entre Londres e Lisboa deixaram contribuem para esta riqueza sonora e também as letras marcam pela sua diversidade e intensidade ao longo de todo o disco. O início pode não ter sido fácil, mas com esta qualidade, para dois anos de banda, o futuro só pode ser risonho.