Opinião: Acácia – Presságios de Inverno (Acácia #2) de David Anthony Durham

Acácia – Presságios de Inverno

David Anthony Durham

Editora: Edições Saída de Emergência

Colecção: Bang! 

Sinopse: Um rei assassinado pelo seu mais antigo inimigo.

Um império dominado por um povo austero e intolerante.

Quatro príncipes exilados determinados a cumprir um destino.

Recuperar o trono de Acácia poderá ter consequências devastadoras.

Há muito que o Reino de Acácia deixou de ser governado em paz a partir de uma ilha Idílica por um rei pacificador e pela dinastia Akaran. O cruel assassinato do rei trouxe muitas mudanças e grande sofrimento. Com a conquista do Trono do Mundo Conhecido por parte de Hanish Mein, os filhos de Leodan Akaran são forçados a refugiarem-se em zonas longínquas que desconhecem. Sem tempo para fazer o luto pelo seu pai, os jovens príncipes são separados e jogados à sua sorte num mundo cada vez mais hostil. E é entre piratas, deuses lendários, povos guerreiros e espíritos de feiticeiros que encontram a sua força e a sua verdadeira essência. Entretanto, Hanish continua empenhado na sua missão de libertar os seus antepassados e finalmente entregar-lhes a paz depois da morte. Mas para isso, os Tunishnevre precisam de derramar o sangue dos príncipes herdeiros…

Conseguirá Hanish capturar os filhos do falecido rei Akaran? Voltarão a cruzar-se os caminhos dos quatro irmãos? Estará o coração de Corinn corrompido e rendido à paixão por Hanish ou dormirá com o inimigo apenas para planear a reconquista do Trono de Acácia? E se, de olhos postos na vitória, os herdeiros de Akaran voltarem a sofrer o mais duro dos golpes?

Opinião: Foi em Janeiro de 2012 que li o primeiro livro desta série, Acácia – Ventos do Norte. Na altura, o meu entusiasmo com a leitura foi um pouco inconstante, mesmo reconhecendo a capacidade do autor em construir um mundo complexo, cheio de surpresas, tramas complexas e teias enganosas. Não tenho uma justificação para ter deixado passar tanto tempo até ler este segundo volume, mas acredito que cada leitura tem o seu timing certo e a verdade é que, no meio da minha vida mais que atarefada dos últimos tempos, este foi aquele livro que não consegui deixar para trás sempre que via uma oportunidade de percorrer algumas páginas. 

O que mais me fascinou desde o início, para além de ter sido fácil juntar as peças que deixei em pausa há quase três anos, foi a capacidade de desenvoltura de David Anthony Durham. A oscilação entre momentos de desenvolvimento e de transição, impôs um compasso enérgico à acção levando o leitor a interrogar-se constantemente sobre o futuro das personagens. A empatia que muitas vezes procuramos nos protagonistas não é fácil de definir. A dualidade presente em cada um deles torna-os tão humanos que o vilão parece ganhar alguma credibilidade quando não devia e o herói algum cepticismo quando inesperado. 

A luta entre as famílias Mein e Akaran toma contornos brutais, levando a um destino imprevisível, com dor, sangue, sofrimento e uma grande repressão interior. Os interesses mudam tão rapidamente que esperar um certo rumo nos acontecimentos é um erro, a única certeza é que a tragédia está sempre à espreita. Acordam-se espírito e seres antigos, encerram-se outros mitos e, no fim, é a essência da incerteza que impera. 

Adorei Mena e Alaric, Hanish foi sempre um querer não gostar, mas ainda assim simpatizar, Corinn foi sempre a mais difícil de julgar e o fim não abona a seu favor. Temerária, mas com o seu tom frágil, atinge à distância em dimensões inimagináveis por quem a rodeia. Os sacrifícios que acontecem ao longo destas páginas ultrapassam qualquer consolo que se pudesse sentir com o resultado. Desde a estrutura da narrativa à exploração e evolução das personagens, o autor soube como elevar a fasquia do universo Acácia colocando-o ao nível de outros grandes mestres da Literatura Fantástica. Não sendo as estórias, de todo, parecidas, fez-me lembrar a frieza de George R.R. Martin na forma como lidou com os intervenientes. Gostei bastante e fiquei, definitivamente, conquistada pela escrita de David Anthony Durham. 

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2 Comentários
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Anónimo
Anónimo
10 anos atrás

Tirando o vinho do porto oferecido ao primeiro ministro do rei akaran num mundo de fantasia (no primeiro volume desta saga)… detalhe que revela algum desconhecimento de vinhos por parte do autor, a colecção é agradável de se seguir…

Francisco Fernandes

Morrighan
Morrighan
10 anos atrás

Ahahah, bom comentário! Obrigada, Francisco!

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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