Existem pessoas realmente talentosas no nosso país e é uma pena que muitas vezes não se lhe dê o devido valor. LOP já foi apresentado no dia 13 de Fevereiro, no Um ao Molhe, mas como estive sem poder passar grande tempo ao computador, só agora vos apresento este magnífico trabalho, dividido entre o talento de Daily Misconceptions e O Manipulador, apresentado pela ZigurArtists.
LOP é um disco que vem comprovar o que tenho dito, e o que tem sido largamente debatido entre os apreciadores, a música electrónica atravessa um período extremamente rico, em que a criatividade ultrapassa fronteiras até agora algo delineadas. É um dos trabalhos mais bonitos que já ouvi, não só pela simplicidade bela com que nos cativa, mas principalmente porque os dois trabalhos acabam por ser como um reverso, de um lado a calmaria, do outro a agitação. A paz antes da tempestade, os opostos que se atraem e se complementam. Para além das diferenças sonoras, existe aquele contraste entre a inocência e a provocação, entre o que é pacífico e contemplador, e o que explora o lado mais negro, numa mistura de texturas mais densas e uma voz que reflecte a inquietação e purga o tumulto interior.
João Zinho e Manuel Molarinho são companheiros de banda em Stereoboy uma mão cheia de dias por mês. Nas outras horas e dias que lhes sobram são, respectivamente, Daily Misconceptions e O Manipulador, duas entidades com identidades próprias que se completam numa relação simbiótica que ganha finalmente corpo com LOP.