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BURGUESES FAMINTOS SÃO:
João Silveira • Texto e Voz
Manuel Molarinho • Baixo, Pedais e Loopstation
Misturado e Masterizado por João Santos
Design por Basquiat, canalizado por
Burgueses Famintos e Luís Soares
Gosto. Existe uma beleza única inerente às obras de arte que se conseguem expressar a vários níveis, com várias camadas, que despem quem o espectador, o assistente que começa passivo evoluindo para um envolvimento íntima com essa mesma obra. A voz toma conta da dimensão narrativa e os instrumentos da dimensão sensitiva – a conjugação resulta numa profunda viagem aos locais inconformados, aos medos, às coisas não ditas, às emoções não exprimidas. É um reflexo e uma reflexão sobre o nosso papel perante nós mesmos e perante a sociedade, perante o nosso dia-a-dia e os locais que percorremos de forma indiferente. E depois a nossa relação com o outro. A languidez e as paixões, a loucura e o romper as névoas do pensamento. Não sei, é uma experiência muito pessoal. Intensa, até solitária, mesmo que nunca completamente sozinhos. A composição musical está de tal maneira bem conseguida que os ritmos irrompem pelo nosso peito, fazem mexer as nossas pernas e braços, tomam conta do nosso corpo dando-lhe uma nova vida, incitando a um grito que cresce no peito e que está por ganhar som. SAMO é aquele trabalho que se ouve, que se sente, mas que por momentos também se vive. Entre a crítica incisiva, a fome da libertação e a expiação íntima, os Burgueses Famintos conseguiram algo genial.
Deixo-vos com a informação oficial:
Diz-se que no princípio havia o Verbo, mas antes o ruído preparou a terra para o ver chegar. Seria impossível dizer quanto tempo passou até ao pó assentar, até a narrativa se criar a partir de uma nostalgia rebelde sobre o passado, até que viesse a união do ruído ao Verbo.
Os Burgueses Famintos nasceram de forma quase acidental, sem que se precisasse de fazer luz numa noite perdida e enterrada de 2014. Os burgueses são Manuel Molarinho (baixo) e João Silveira (voz), famintos e entregues a um delírio textual e sónico captado ao primeiro take.
Ao longo de meia-hora, o improviso é a regra, o erro é estrutural e a tensão subjacente a este diálogo – em que o baixo e a voz ocupam o mesmo plano de importância – é o combustível de um exercício ora sombrio, ora palpitante. Baseado em SAMO, saído da pena e mente de João Silveira e a publicar pela A Tua Mãe* em Outubro de 2015, o disco de estreia dos Burgueses Famintos move-se por terrenos pantanosos e distópicos, mas não totalmente desconhecidos – principalmente para quem já se aventurou em registos como Priest They Called Him. Da voz aparentemente calma de Silveira, discorrem visões das grandes cidades, que se diluem no turbilhão eléctrico com que Molarinho preenche esta faixa.
Burgueses Famintos estará disponível a partir de 12 de Outubro no Bandcamp da Zigur.
Próximos concertos:
9/10: Mercado Negro, Aveiro, 23h30 (entrada livre)
10/10: Snob, Guimarães, 17h30 (entrada livre)
10/10: Carpe Diem, Santo Tirso, 23h00 (3 euros)
17/10: DAMAS, Lisboa, 18h30 (entrada livre)