Opinião: O Herói das Eras – Parte II, de Brandon Sanderson

O Herói das Eras – Parte II

Brandon Sanderson

Editora: Edições Saída de Emergência

Colecção: Bang! 

Sinopse: O mundo aproxima-se do fim, esmagado pela força imparável de Ruína. Vin, Elend e os companheiros procuram desesperadamente opor-se-lhe, mas nada do que fazem parece ter algum efeito ou, quando o tem, é o oposto do que pretendem. De que serve a mera alomância contra um deus?

Especialmente quando não parece haver nada além dela, pois até as misteriosas brumas, em tempos aliadas, parecem ter-se tornado malignas. Mas será que desistir é uma opção? Terá chegado o momento de baixar os braços e aceitar o fim de tudo o que se ama?

Num mundo sufocado pela cinza e abalado por erupções contínuas e violentas convulsões sociais que afetam até a sociedade pacífica dos kandra, são estes os dilemas com que os sobreviventes do velho bando de Kelsier vão ser confrontados neste derradeiro volume da saga.

Opinião: Há dois anos atrás, escrevi a opinião do livro Império Final, o primeiro desta saga – Nascidas nas Brumas. Provavelmente foi das opiniões mais longas que alguma vez escrevi, pois há muito tempo que um livro de literatura fantástica não me deixava tão agarrada à leitura. E a verdade é que esse entusiasmo manteve-se ao longo dos outros três livros. Em Portugal, o último livro da trilogia foi dividido em dois, prolongando assim aquela ansiedade de saber que desfecho a história teria. Agora que chegou ao fim, fica um sabor agridoce. 

Ao longo destas centenas de páginas pudemos constatar que também a fantasia serve para abordar temas tão sérios como política, teologia, lealdade, maldade, bondade, sacrifício ou transcendência. Desde o primeiro capítulo que muitas foram as questões que se foram levantando. À medida que avançámos pela história, por cada um destes volumes, algumas peças foram-se encaixando e fazendo sentido, mas só neste último é que tivemos o vislumbre real de todo o cenário, de todo o enredo e do fecho total da trama. Acho a inteligência de Brandon Sanderson algo de muito especial, foram muitos poucos os autores que me desafiaram intelectualmente ao longo das suas obras de fantasia. E foi esta característica que se manteve constante que também me faz elegê-lo como um dos melhores escritores deste género na actualidade. 

Vin, Elend, Sazed, Susto, Brisa, Kelsier, e tantos outros, são protagonistas que se entranham em nós pelos vários papéis, tão diferentes, que desempenham ao longo de toda a acção. Achei particularmente interessante o quanto se punham em causa e às suas acções e pensamentos, ao mesmo tempo que avançavam, que tomavam as suas decisões. Dei por mim a debater com estes personagens o que deviam ou não fazer, o que faria eu se estivesse no lugar deles. Não se trata apenas de um livro em que existe alomância ou algum tipo de supremacia em termos de capacidades, mas antes o que é que o poder trás com ele e o que é que nos faz tornar nesta ou naquela pessoa. Líderes são colocados em causa, a sobrevivência de povos é colocada à prova, ao mesmo tempo que se tenta compreender como é que as crenças ou o universo influencia cada um de nós.

Achei a perspectiva de Ruína e Preservação muito interessante. Aliás, para quem segue o blogue sabe que a minha crença no que toca a religiões é que Deus é como se fosse o próprio universo. Não é bom nem é mau, mas antes que é crucial manter algum tipo de equilíbrio entre ambas as forças. Dado este ser um tema recorrente em algumas obras, não é que tivesse achado as explicações de Ruína e Preservação as mais originais, não entendi muito bem como é que preservar e destruir dá origem à criação sem que haja um elemento de renascimento ou reconstrução, mas o autor soube como manter o fio à meada e a narrativa manteve-se coerente do início ao fim. 

Resumindo, e porque não quero falar mais sobre a história porque merece ser descoberta individualmente, gostei imenso desta trilogia, recomendo-a vivamente a qualquer pessoa que tenha um bocadinho de mente aberta, não é um requisito ser amante de literatura fantástica, mas para quem o for, é uma leitura mais que obrigatória. Seja para depois concordarem comigo ou discordarem. Boas leituras! 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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