O regresso foi a 25 de Setembro, mas por vezes ainda nos sinto lá, no dia 22, na sala de concertos do Pooca, de olhos fechados e a pensar para mim que aquilo era real. Que a Surma e os First Breath After Coma estavam a representar Portugal como só eles o podiam fazer. Que todo o esforço e luta, que têm sido a imagem de marca da Omnichord Records e do empenho do Hugo Ferreira, estavam a dar frutos, e que frutos!
A Surma abriu a noite de concertos e imaginem que, para além de lotar a sala, tinha uma fila enorme a percorrer e a contornar a mesma rua, por não haver mais espaço. Esta miúda tem uma voz celestial e a sua performance consegue ser tão emocional (não no sentido de transmitir tristeza, mas porque tem a capacidade de nos levar pelas ondas mais calmas, de nos levantar e fazer mexer nos momentos mais enérgicos) que não deixa ninguém indiferente. E não digo isto por trabalhar com ela. Aliás, conheci-a bem antes disso e ainda hoje nos rimos com as voltas que o mundo dá. Nem eu nem ela estávamos na Omnichord e, no entanto, parecia inevitável juntarmo-nos a um conjunto de gente com tanto talento e dedicação.
Seguiu-se We Bless This Mess, o meu querido Nelson a solo, que me fez deitar umas lágrimas numa das suas canções. Não, não é da Omnichord, mas é-me uma pessoa tão querida e um artista tão capaz (ainda me lembro de quando o entrevistei no alto de um monte em Sintra, e o que me diverti nesse dia!) que não podia falar nesta passagem pelo Reeperbahn sem o mencionar! Aliás, estão novidades para chegar no que toca à sua Oh Lee Records! 🙂
Voltando à mítica noite de 22 de Setembro no Pooca’s Bar, Reeperbahn Festival, a noite fechou com casa cheia e nova fila para entrar para ver os maiores First Breath After Coma. A cena aqui é: eu já esgotei quase todas as palavras para falar deles. Aliás, é surreal a forma como os conheci e como agora os vejo a crescer desta forma, fazendo parte do processo naquilo em que posso ajudar (Hugo Ferreira, mais uma vez mil obrigadas por me teres incluído nesta grande família!). Aliás, eles já gozam comigo. Em pleno bar, após concerto, um alemão, que os congratulou e que comentou já os ter visto em Lisboa há dois anos atrás, perguntou-nos qual era o meu papel na banda “She is our babysitter” foi a resposta de um dos rapazes. Eu bem digo que tão cedo não quero ter filhos, esta malta já leva com todo o instinto maternal que alguém pode ter. Ahahah. Umas vezes gostam mais do que outras, mas estamos todos a aprender e a crescer. Resumindo, o concerto foi um enorme sucesso, tanto que vão voltar já este mês à Alemanha para uma pequena tour, a primeira internacional!
Claro que antes disto tivemos a oportunidade de explorar Reeperbahn, quanto mais não fosse pela curiosidade óbvia. Lembro-me de sairmos na estação de metro de Reeperbahn e ficarmos meios de “boca aberta” passo sim passo não, ou se calhar passo sim passo sim, pelos estabelecimentos e montras que íamos encontrando. É claro que já tínhamos ouvido falar na red light street de Reeperbahn, mas a oferta descarada pelas ruas, com imensas sex shops e letreiros a venderem sexo com vídeos ao vivo a acompanharem, mesmo fora da red light street… Ahahah, foi o rir! Mas o que mais me espantou nem foi isso, foi a mistura de que consegue haver naquela rua. O sexo mistura-se com os sem abrigos, com “punks” que batem nas máquinas multibanco ou queimam coisas na rua, cães gigantes por todo o lado e que normalmente acompanham estas pequenas comunidades e muito mais. Pelo meio vão existindo uns pubs que parecem quase normais, mas na verdade é mesmo só quase, porque olhando lá para dentro ou eram temáticos ou as empregadas andavam vestidas com diversas fantasias.
O espanto vem quando atravessando apenas duas ruas entramos num universo completamente diferente e conhecemos uma cidade Hamburgo facílima de nos apaixonarmos por ela. Só no último dia é que usufruímos realmente do resto da cidade e, alguns de nós, acabámos a jantar num barquinho no rio e a comer sushi! Ahahah, Ficam as belas memórias desses dias e uma experiência que dificilmente esquecerei 🙂