Hoje foi um dia especial. Especial porque, sendo raro, troquei de papéis com a Marta. Se no ano passado a convidei para ser a cara e a mão do 7º Aniversário do blogue, foi ela quem fez as ilustrações e os cartazes todos, em Julho deste ano ela convidou-me a mim para fazer parte de um projecto que ela andava a organizar que acabou por ter como título “Nas Entrelinhas da Fotografia – Interpretar Retratos”.
As fotografias de Marta Banza unem-se ao enorme talento de 10 artistas – pintores, ilustradores manuais e ilustradores digitais – que aceitaram um desafio: Retratar uma pessoa que não conhecem e do qual só têm acesso aos olhos, à boca e a uma pequena descrição da personalidade, escrita pela fotógrafa.
Fiquei mais do que babada e lembro-me bem que naquela tarde nos Jardins da Gulbekian, em que cheguei a bufar, vinda quase a correr do trabalho para não me atrasar, estava nervosa. Costumo sentir-me confortável atrás de uma câmara fotográfica, mas à frente nem por isso. Daí tantas caretas na maioria das fotografias que me tiram, ou que eu me tido. Ahah. A questão é que, neste caso, estava ainda mais nervosa por ser o projecto da Marta e saber o quanto significava para ela. Mais! Ela achava que eu era merecedora de entrar nele. Nos dois primeiros cliques eu devia estar tão séria que a Marta chegou a perguntar-me se estava tudo bem, que eu devia descontrair e colocar a expressão que achasse que mais me caracterizava, mas que na verdade ela associava o meu rosto a um sorriso. Mesmo que não quisesse sorrir, a verdade é que não podia não sorrir depois dela e o Miguel concordarem com a afirmação e pumba! Ela captou esse momento.
O resultado está à vista e hoje foi a apresentação do projecto. Conheci também o jovem artista graffiter, o André Damascena, que ficou responsável por fazer o meu retrato, e que acabou a ter de explicar à minha mãe (sim, querida mãe, tinha de partilhar isto) o significado da sua interpretação. “Quem melhor do que quem o fez para explicar?”, perguntava a senhora minha mãe, com muita razão, mas o jovem era tão tímido que já o estão a imaginar a encolher-se intimidado, não estão? Eheheh! Mas foi giro e mostrou um olhar e uma interpretação tão sublime que realmente só olhando com alguma atenção podemos identificar todos os detalhes. Por exemplo, os dois jogos do galo em que um está perdido e o outro ganho? Na vida por vezes perdemos, por vezes ganhamos. Os caminhos de ferro laterais, que desaparecem, podem ilustrar, por exemplo, que há muitas viagens e pensamentos que não se vêem, mas estão lá, e por aí fora. Claro, o meu irmão mandou logo a boca que só pelos dentes reconheceria logo o meu retrato. Ahahah! Tenho a melhor família! Já o Miguel Reis, o nosso Tio Rex, disse que realmente não precisava da fotografia para reconhecer o meu retrato porque está ali mesmo muito de mim, naqueles pormenores todos. Conhecer a Marta e o Miguel, através do blogue, foi mesmo das melhores dádivas!
Mas bem, estou com tempo contado, por isso é que os Diários de Bordo não têm aparecido, o tempo tem sido mesmo muito pouco, e como tal vou-vos deixar com os retratos e com as fotos que tirei hoje por lá. Mil beijos e muito obrigada à querida Marta Banza, que tem dos melhores e maiores corações deste mundo e arredores. Sinto-me mesmo honrada e orgulhosa por fazer parte deste seu projecto que teve tanto talento envolvido. Tenham todos uma excelente semana e não se esqueçam de conservar perto de vós aqueles que mais gostam e que mais gostam de vós!