A Última Estrela
Rick Yancey
Editora: Editorial Presença
Sinopse: O inimigo já não é o mesmo. O inimigo somos nós. Eles estão entre nós, eles estão sobre nós, eles não estão em lado nenhum. Querem a Terra, mas querem que seja nossa. Vieram para nos dizimar, mas querem salvar-nos. Porém, sob estes enigmas esconde-se uma verdade: Cassie foi traída. E também o foram Ringer. Zombie. Nugget. E todos os sete mil milhões e meio de pessoas que viviam no nosso planeta. Primeiro traídos pelos Outros e depois por nós próprios. Nestes últimos dias, os sobreviventes terão de decidir o que é mais importante: salvar-se… ou salvar o que nos torna humanos.
OPINIÃO: Ler esta trilogia foi uma aventura por si só. Adorei o primeiro livro, fiquei meia irritada com o segundo, e como já tinha esse pequeno desvio na minha animosidade em relação à mesma, comecei este terceiro volume (após releitura do segundo) com alguma apreensão. Correu melhor do que eu esperava, muito honestamente. Não que tenha achado o desfecho a coisa mais brilhante de sempre, mas porque foi resgatado algum ritmo e violência que faltou a O Mar Infinito (segundo livro). O que acho mais curioso, em tom de balanço inicial, é que o próprio estilo de narrativa mudou muito do primeiro para este último livro e senti alguma estranheza. Não tanto devido ao vocabulário usado, que também é mais leviano, mas porque me parece ter tirado alguma seriedade que o assunto merecia.
Mas vamos ao que interessa: extraterrestres, não extraterrestres, silenciadores, humanos, miúdos-bomba, pessoas optimizadas. O planeta vive uma era em que nada é claro, em que a “Dorothy” não é a mesma “Dorothy” para toda a gente e o próprio leitor vive na dúvida sobre o que realmente se passa. Quem são os verdadeiros conspiradores, de onde vêm, qual o verdadeiro sentido de todas as vagas e que consequências finais é que isso terá na vida humana. E com o passar da narrativa, principalmente em A Última Estrela, pareceu-me que o autor, aos poucos, foi chegando ao cerne da questão principal, que nem sempre foi clara para mim. E acho que esse núcleo, que se veio a revelar central, não é nada mais nada menos do que… o amor!
Imaginem que estamos numa era em que conseguimos programar memórias, emoções e comportamentos com um determinado objectivo. Imaginem que isso é passível de ser descarregado em seres humanos e que em certa idade o programa se torna activo. A programação é perfeita, tudo resulta em todos menos num. Mas se a programação é perfeita e tem “tudo” em conta, o que é que pode ter causado o desvio no comportamento do sujeito? Quem já começou a ler a série é claro que sabe de quem estou a falar. E depois das pistas que dei, perdoem-me se consideram spoilers, mas pouco diz sobre como acaba, podem deduzir o que é que é impossível de ter em conta quando se programa qualquer coisa? O amor é daquelas emoções que nunca se sabe bem como surge, quais os factores, quais as consequências. Os actos mais irracionais foram cometidos por amor a uma qualquer crença/pessoa.
Em relação aos protagonistas, adorei a badass Ringer. Fiquei meia surpreendida com algumas opções do autor, mas acho que esteve à altura. Já a Cassie… Ai ai. Achei o discurso na primeira pessoa completamente idiota, a maior parte do tempo, mas no fim, Rick Yancey arranja maneira de a elevar aos nossos olhos. Já Nugget e Zombie foram os que mais preencheram o meu coração. Resumindo: depois de todo o caos instalado, de pouco ser o que parece, A 5ª Vaga termina com a maior parte das dúvidas esclarecidas, mesmo que de forma algo confusa. O grande ponto forte destes livros é o facto de o autor ter uma escrita bastante cinematográfica e os capítulos serem curtos. Passámos a ter vários narradores e isso ajuda a situarmo-nos nos devidos cenários. No geral, acho que o primeiro livro vale totalmente a pena ler e, por causa disso, torna-se necessário ler os restantes para que o ciclo se feche.