A Revolta dos Anjos
Anatole France
Distinguido com o Prémio Nobel de Literatura em 1921, Anatole France é um dos mais importantes escritores franceses da segunda metade do séc. XIX e inícios do séc. XX. A Revolta dos Anjos é o seu último e bem-humorado romance. Numa crise de fé, os anjos descem à terra e preparam uma revolta contra o poder divino
LIVRO
Algo de misterioso e inexplicável acontece durante a noite na biblioteca da família d’Esparvieu. O padre Sariette, responsável por zelar pelos mais de trezentos e sessenta mil valiosos volumes que a compõem, encontra-a de manhã cedo sempre em total desordem: prateleiras vazias, livros espalhados ou amontoados sem critério, raros in-fólios abertos de par em par, com as suas folhas dobradas.
Por esta mesma altura, o jovem Maurício d’Esparvieu, herdeiro da família, tem um encontro surpreendente com Arcádio, o seu anjo- -da-guarda. Aborrecido com a sua monótona vida de anjo e decidido a examinar os fundamentos da fé, Arcádio passou os últimos meses embrenhado em leituras, pondo a saque a famosa biblioteca da família. Resultado de tanto estudo: Arcádio já não mais acredita que Deus é o Bem supremo. Pelo contrário, considera-o um tirano usurpador e pretende incitar os anjos a uma nova guerra pelo poder celestial. Está em curso uma Revolta dos Anjos! Contudo, Arcádio descobre igualmente os prazeres da vida terrena e boémia de Paris…
Retrato mordaz e divertido de uma sociedade conservadora, crítica velada contra a violência e todas as formas de poder instituído, A Revolta dos Anjos, último romance escrito por Anatole France, é considerado uma obra-prima intemporal da literatura, agora novamente disponível para o leitor português.
AUTOR
Anatole France, pseudónimo de François-Anatole Thibault (1844-1924), nasceu em Paris. Filho de um livreiro, desempenha funções na Biblioteca do Senado, ao mesmo tempo que escreve artigos de crítica e publica poesia em jornais e revistas. Em 1896, é eleito membro da Academia Francesa. Experimenta vários géneros literários (os seus contos, Jocaste e Le Chat Maigre, de 1879, são elogiados por Flaubert), mas é no romance que a sua vocação de escritor mais se evidencia. Nas obras do seu último período de vida, destacam-se Vie de Jeanne d’Arc (1908), a novela alegórico-satírica L’Île des Pingouins (1908), o romance histórico, que decorre na época da Revolução Francesa, Les Dieux ont Soif (1912), e A Revolta dos Anjos (1914). Escritor de refinada cultura e elegância de estilo, Anatole France esconde, sob a veste de um irónico ceticismo, um indulgente desencanto pela sociedade moderna. Em 1924, é-lhe atribuído o Prémio Nobel de Literatura pelo conjunto da sua obra.