O Comboio Errado
Jeremy de Quidt
Editora: Topseller Bliss
Sinopse: É tarde. Está escuro. Um rapaz apressa‑se para apanhar o comboio, entrando a bordo um segundo antes da partida. De repente, percebe que está no comboio errado. Fica irritado, compreensivelmente, mas não fica assustado.
Ainda…
O rapaz sai na estação seguinte, mas a plataforma está completamente vazia e não se parece com nenhuma outra estação que ele já tenha visto. Mas o rapaz continua a não estar assustado.
Ainda…
Então, um estranho aproxima‑se… alguém com histórias para contar e ajudar a passar o tempo. Mas estas não são como as velhas histórias. Estas histórias são pesadelos e vêm com um alto preço a pagar.
Ainda não estás assustado?
Mas vais ficar!
OPINIÃO: A TOPSELLER decidiu apostar no género Young Adult e fá-lo através da sua mais recente chancela, TOPSELLER Bliss. O Comboio Errado é um dos primeiros títulos e uma grande aposta. Nota-se o claro direccionamento para um público jovem, mas ainda assim o autor consegue uma narrativa consistente o suficiente para que qualquer adulto tenha, pelo menos, a curiosidade de ir até ao fim. Tudo começa com um pequeno rapaz a entrar num comboio, que para ele é o do costume, sem bateria no telemóvel, mas descansado que o pai o irá buscar à paragem habitual. Quando dá por si, as estações sucedem-se sem que o comboio pare. Porém, o comboio lá pára e ele decide sair do comboio. É aqui que tudo começa – com o rapaz, um idoso e o seu cão.
Na arte de contar histórias de terror, principalmente para os mais novos, há que conseguir prender, assustar, mas não ser demasiado agressivo ao ponto de provocar um medo demasiado arrebatador. Há tempo para lá se chegar quando se é adulto. Ainda assim, mesmo já eu tendo os meus cheios 29 anos, o autor conseguiu-me surpreender logo com a primeira história. Lembro-me tão bem da sensação: “se continuar a ler este livro provavelmente vou ter pesadelos”. E então parei e prometi a mim mesma que iria ler apenas um por dia, para ser intenso o suficiente para usufruir da leitura, mas não tão intenso que fosse dormir com aquelas vibrações. Ahah, chamem-me mariquinhas, mas pensei mesmo isto. Mais tarde descobri que afinal as histórias não eram assim tão assustadoras (ou então era eu que estava mais sensível naquele dia), mas eram intrigantes, misteriosas e negras o suficiente para já querer ler várias de seguida.
Todas as histórias são contadas pela perspectiva de crianças ou adolescentes e evocam cheiros, imagens e emoções arrepiantes. Nos interlúdios vamos assistindo às breves interacções entre o nosso rapaz e o velhote, sendo que estava sempre na expectativa de poder acontecer algo logo ali, mas Jeremy de Quidt foi inteligente e perspicaz ao conduzir o desfecho para uma espécie de jogo final. Quando se ouvem cerca de oito histórias, todas elas assustadoras, de seguida, será que dá para escolher sequer uma preferida? E que jogo é este de que o velhote fala? Este é um livro que pode funcionar muito bem na época de Halloween que se aproxima, mas não só. Se querem introduzir o género de terror aos vossos adolescentes mais próximos, este é um excelente começo, colocando a fasquia suficientemente alta para futuras referências.