Opinião: Louca, de Chloé Esposito

Louca

Chloé Esposito

Editora: Bertrand Editora

Sinopse: Louca é um thriller passado em Londres e na Sicília, no espaço de uma violenta semana de verão, e que explora os temas do ciúme e do engano, do crime e da inveja. Uma gémea não só se apodera da vida perfeita da irmã, como se dispõe a continuar a vivê-la. Alvie Knightly está muito em baixo: sem objetivos na vida e a beber demais. A sua vida é ainda pior se comparada com a de Beth, a sua irmã gémea e perfeita. Beth casou-se com um italiano lindo e rico, tem um bebé maravilhoso e sempre foi a preferida da mãe. Há muito tempo que a única coisa que as gémeas têm em comum é a aparência. Quando Beth envia um bilhete de avião à irmã para que a visite em Itália, Alvie mostra alguma relutância. Mas quando é despedida do emprego que detesta e os companheiros de casa a põem na rua, começa a mudar de ideias e a pensar na luxuosa villa de Taormina. Beth pede à irmã que troque de identidade com ela durante umas horas, para poder escapar à atenção do marido. Alvie agarra com unhas e dentes a oportunidade de viver a vida da irmã, ainda que temporariamente. Porém, quando a noite acaba com Beth morta no fundo da piscina, Alvie dá-se conta de que aquela é a sua oportunidade de mudar de vida. E, afinal, o que escondia Beth do marido? E porque é que a convidou para ir a Itália? Alvie vai descobrindo segredos e mentiras à medida que mergulha mais fundo na vida da irmã morta. E terá de fazer de tudo para conseguir suportar as suas próprias mentiras.

OPINIÃO: De vez em quando deparamo-nos com aquele livro insólito em que quando terminamos a sua leitura nem sabemos bem o que pensar. Quando o começamos podemos até ir sem expectativas, porém quando damos por nós estamos a lê-lo compulsivamente enquanto nos interrogamos sobre como é que é possível existirem personagens assim. Por vezes o tiro sai pela culatra, mas outras vezes resulta de forma genial. Louca corresponde a este último caso. Alvie é aquela protagonista das situações mais caricatas, mais imorais e mais irracionais. No entanto, existem momentos de empatia extrema, pois desde o início que vamos tendo noção que muito pouco é aquilo que parece e que ela tem toda a razão em querer manter o seu sentido de autopreservação. Recheado de cenários e situações que tantos nos fazem rir descontroladamente como nos deixam desconcertados, Louca é um romance que prima pela diferença, pelo anti-herói e acima de tudo por nunca sabermos bem o que pode acontecer a seguir. 

Muitos consideram este romance um thriller. É claro que os ingredientes estão lá, mas enquanto o lemos há muito mais que nos fascina do que o mistério sobre quem fez o quê. Chloé Esposito, nesta sua obra de estreia (sim, é os eu primeiro romance!) abre um precedente com uma fasquia elevada para o inesperado. Como podem ler na sinopse (provavelmente o comentário a este livro vai ser mais curto porque a sinopse é bastante reveladora) Alvie tem uma irmã que vive uma vida que contrasta em tudo com a sua. Enquanto Alvie dissimula a sua vida para os que a rodeiam, vivendo sempre em condições precárias, Beth vive uma vida que só poderia fazer parte dos sonhos mais idílicos da sua irmã A relação entre as duas nunca foi a de melhores amigas, mas desde o casamento de Beth que as coisas se complicaram um bocadinho. Digamos que Alvie de pudica ou de senso tem muito pouco, o que reverte a favor de fenómenos hilariantes que nos deliciam. .

A narrativa tem um excelente ritmo e cada capítulo é desenvolvido com base num pecado capital. A escritora entrelaça os sete pecados capitais com a vida de Alvie e o grande ponto forte é a forma acutilante com que alguns temas são abordados. Em Louca não existem limites para o que é razoável, o que interessa é sobreviver e, de preferência, da melhor maneira. Para sobreviver da melhor maneira nada melhor (pelo menos para Alvie) do que uma bela componente de luxúria (um dos setes pecados). O erotismo corre nas veias da protagonista de uma forma natural e descomplexada – apesar de ela ter alguns complexos em relação à sua forma física, o que no meio de tudo contribuiu para a componente hilariante do livro. Resumindo: temos uma trama interessante, que muda praticamente de forma drástica de capítulo para capítulo, temos personagens sobre os quais parecemos nunca ter certeza sobre as suas intenções, e o fim conduz-nos para uma parelha inesperadamente perversa que vê o seu término, mais uma vez, envolto numa última cena cheia de humor. 

No fim não é imediato nem claro o sentimento em relação a Alvie e às suas atitudes. Porém, dado tudo o que descrevi anteriormente, é impossível não sentir uma considerável admiração por Chloé Esposito e pela sua ousadia em criar um thriller fora do comum. Merecerá sempre uma oportunidade. Se vão odiar e amar… Perplexidade é o sentimento mais constante ao longo do livro. Uma autêntica surpresa!

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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