O verão vai assentando arraiais e o rumor quente da brisa de verão arrasta com paciência ecos de ZigurFest. Fiquemos à escuta: deslindam-se os nomes de Scúru Fitchádu, Vaiapraia e as Rainhas do Baile, Terra Chã, Savage Ohms e Sereias.
Qual terramoto na cena portuguesa, os Scúru Fitchádu são a banda que ninguém esperava, mas toda a gente precisava. Provando que não há limites para além daqueles impostos por nós próprios, a banda liderada por Sette Sujidade tem aberto caminho com o seu cruzamento imparável de punk e funaná.
Da transcendência pelos decibéis, àquela atingida pelo transe. É este o caminho das Savage Ohms e o seu alinhamento estelar afecto à Maternidade apontam sem medos à infinitude do cosmos alimentadas pela motorik incessante de uma secção rítmica no ponto. Kraut à séria, para viajar sem destino certo.
Por falar em viajar, também gostamos de o fazer a dançar. Lembrem-se disso quando derem de caras com os Terra Chã, dream-team da house mais onírica que por cá passou – e editada pela recém-formada Zabra Records, subsidiária da ZigurArtists dedicada a fazer esses pés a mexer. Formados por Fabrizio Reinolds e Ricardo Fialho, têm o dom de evocar paisagens em simultâneo vívidas. A dança como libertação é o mote.
Falando de libertação, avançamos serenamente para Vaiapraia e as Rainhas do Baile. Coletivo recente mas definitivamente icónico em Portugal, têm-se sabido alinhar com a pop-punk simultaneamente mais doce e aguerrida que ouvimos nos últimos anos. As suas aparições têm tanto de concerto como de performance, sem que isso diminua a capacidade de comunicar pela música – e isso deve-se não só ao companheirismo raro mas também à vulnerabilidade que Rodrigo Vaiapraia imprime na banda.
Empreendimento mutante surgido no Porto, os Sereias fazem da ferocidade do noise-rock força motriz para abrir caminho pelos palcos a que têm subido. A dar os primeiros e muito auspiciosos primeiros passos, ostentam com orgulho e eficácia os mandamentos da no-wave: sem forma, sem destino aparente, sem referências óbvias. Apenas a facilidade de rugir sempre mais alto em direção a um clímax que é sempre inesperado. Segurem-se bem para este.
Como boas notícias nunca são demais, primeira vez em oito anos, a entrada para o ZigurFest será totalmente gratuita e o festival terá campismo disponível para quem vem de fora. O melhor fim-de-semana do ano regressa a Lamego a dobrar e de 29 de Agosto a 1 de o festival estende-se por toda a cidade – a começar pelo Teatro Ribeiro Conceição e na Olaria, sem esquecer o Castelo ou a Alameda.
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