Chegámos cedo, ao primeiro dia do Fusing Culture Experience, para nos depararmos com um cenário lindíssimo, apesar de ventoso, cujo cartaz prometia uma noite inesquecível de boa música portuguesa, com o complemento internacional de Slow Magic!
Fotografia por Sofia Teixeira |
Após as pequenas actividades na área de imprensa, antes dos concertos começarem, descritas aqui, iniciou-se então um ciclo de actividade frenética. Houve tempo para passar pelo Quarteto Mário Santos e por Ghettoven, mas foi com Noiserv que se deu a abertura oficial dos palcos do festival.
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Apesar do enorme vento que se fazia sentir, David Santos soube como brincar com a situação e ainda assim dar um bom concerto. Se o nosso multi-instrumentalista é considerado já uma referência na nova música portuguesa, prova disso foi a aclamação do público e a forma como este compôs uma boa plateia, atingindo o auge perto do pôr-do-sol, tornando aquele espaço numa bela moldura humana. Com boa parte da setlist composta por músicas do novo álbum, Noiserv não desiludiu.
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Seguiram-se os For Pete Sake, a banda que tem vindo a dar que falar, desde que uma das suas músicas passou a estar presente nos anúncios da EDP. Claramente isso foi só o início, quem os vê em palco não consegue ficar parado muito tempo. Existe uma enorme energia que envolve a banda durante toda a sua prestação. Concha e Pedro, os dois irmãos, são sem dúvida muito importantes para a dinâmica criada, mas é Concha, com a sua energia infinita e dança livre que encanta e contagia mais. Uma coisa que adoro ver nesta banda é que, cada um, sem excepção, mantém sempre um sorriso para o público, ao longo de todas as músicas.
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Oriundos de Leiria, com a famosa Leiria Calling, entraram, de seguida, os First Breath After Coma, no palco Experience. Já os tinha visto ao vivo na FNAC Chiado há uns meses, mas não deixei de ficar encantada, de ser transportada para um universo de post rock em que as vozes do quarteto leiriense nos fazem companhia, encantando-nos ao mesmo tempo com as suas guitarras, baixo e bateria. Cada vez melhores, cada vez mais uma afirmação no nosso panorama musical nacional.
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Capicua, a grande rainha do rap português, começou com um hino de afirmação, seguindo-se uma Mão Pesada a puxar pelo público, que estando frio e vento, bem precisavam de uma motivação para se mexerem e aquecerem. Bem acompanhada, o concerto deu-se em tom de apresentação do seu novo álbum – Sereia Louca.
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A correr, a correr, fui para Sensible Soccers, uma das minhas bandas preferidas dos últimos tempos. Com o seu oito lançado não há muito tempo, e conhecidos pelos seus grandes concertos, não havendo nenhuma surpresa extraordinária, deram um belíssimo concerto que colocou os festivaleiros a dançarem e fazendo esquecer qualquer frio que se pudesse sentir. Um quarteto recente que ainda tem muito para dar à música portuguesa e que não tenho dúvidas que o farão.
Fotografia por Sofia Teixeira |
No palco Fusing, após a Capicua, apareceram em palco os nossos, já muito conhecidos, You Can’t Win, Charlie Brown. Confesso que, após ter ido à Temporada no Musicbox, os concertos em festival acabam por me parecer um pouco “frios”, mais desligados. Ainda assim, para quem não os conhecia, acredito que foi um bom concerto, onde destaco a ginástica do João Gil que já tinha dado dois concertos antes daquele e ainda ia dar mais um a seguir! São, sem dúvida, uma banda que adoro, mas que prefiro ver num palco mais íntimo.
Fotografia por Sofia Teixeira |
E agora, os dois próximos artistas, para mim foram os reis da noite. Slow Magic, no palco Experience, comprovou o que eu já desconfiava – sabe dar um concerto do caraças e levar-nos para outra dimensão. Com o seu computador e a sua bateria “viva”, por trás da máscara já conhecida, Slow Magic não se limitou a ficar no lugar a carregar em teclas e a “bater” na bateria – ele deu um autêntico show de música electrónica, com uma performance ao vivo invejável. A certa altura, pega num dos timbalões e invade a plateia, pousando a meio e dando um verdadeiro show, com as pessoas em seu redor a dançar e a delirar. Para mim, foi sem dúvida uma das melhores actuações da noite.
Fotografia por Sofia Teixeira |
A fechar o palco principal, estiveram os cabeças de cartaz Primitive Reason. Com mais de 20 anos de carreira, deram um concerto de fazer inveja, com uma postura sólida, confiante, levando os seus fãs ao delírio, não só com temas do último álbum, como também com outros com quase duas décadas. A paixão e a dedicação em palco não deixaram ninguém indiferente. Se alguém estava com frio, rapidamente o perdeu com o fervor com que eram entoadas as músicas. A banda liderada por Guillermo e Abel, prova, mais uma vez, que não existe competição possível e que estão melhores do que nunca!
Fotografia por Sofia Teixeira |
A minha noite, terminou com White Haus – projecto que ao vivo conta com João Vieira mais três músicos. Já tendo assistido recentemente ao concerto de apresentação do The White Album, este quarteto volta a não desiludir, sempre simpáticos, com uma música energizante de disco que não é bem disco, mas que foi uma óptima maneira de fechar o programa do dia. Teclas, as vozes do João e da Graciela, o baixo do André e a bateria do Nuno, fizeram as delicias de um fim de noite de dança.