Fotografia por Sofia Teixeira |
Foi no passado dia 27 de Junho que Moullinex arrasou em pleno concerto no Centro Cultural de Belém. Se quando o entrevistei, uns dias antes, tinha ficado fascinada com a postura de Luís Clara Gomes, a verdade é que mal pisei o pequeno auditório, algo atrasada devido ao trânsito infernal na marginal, a energia contida naquela sala arrebatou-me completamente.
Ao vivo, Moullinex faz-se acompanhar de Bruno Cardoso, também conhecido como Xinobi, e Miguel Vilhena. Vestidos a rigor e completamente aprimorados, este trio colocou toda a gente em pé e a dançar. Passando por clássicos como Take My Pain Away e dando forma ao novo single Love Magnetic, animação foi o que nunca faltou, ao som da conjugação rítmica destes três músicos fantásticos. Para além da empatia entre eles ser óbvia, o jogo de troca de instrumentos e posições pelo palco é algo que só com muita experiência e harmonia pode correr bem.
Fotografia por Daniel Azevedo |
Um grande ponto a favor deste concerto foram as colaborações. Começando com a fantástica Iwona Skwarek com o seu registo sempre sensual, tivemos a oportunidade de ouvir, entre outras, To Be Clear, Darkest Night e Deja Vu, com um destaque especial para estas duas últimas. A primeira, porque foi impossível ficar indiferente à sintonia e ao respeito não só em palco como do público. Toda a atmosfera desta música, a interacção entre os músicos, a dança natural que assaltava o corpo de quem assistia, tornou o momento mágico. Já com Deja Vu, o solo inicial de Luís Clara Gomes no piano foi solene, fazendo o público sentar-se para que, com a entrada de Iwona, voltar a levantar-se e não mais parar até ao final. Uma parceria que funciona muito bem em disco, mas que ao vivo toma proporções magnificentes.
Fotografia por Daniel Azevedo |
E se elogios não param de ser tecidos à colaboração de Moullinex com Best Youth, ainda menos ficaram por fazer depois da actuação em conjunto. Na entrevista que me deu, Luís Clara Gomes afirmou com toda a convicção “fizemos uma música juntos e foi tão fácil que só fazia sentido agora chamá-los”, e tinha toda a razão. Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves subiram ao palco para uns bons minutos de música, com In the Shade, numa sonoridade impossível de categorizar, tal é o entrelaçamento e a fusão dos dois estilos.
Não tenho problemas nenhuns em admitir que foi um dos melhores espectáculos a que já assisti. A música disco consegue ser muitas vezes subvalorizada e vista como apenas música de dança numa discoteca, mas se há prova que em concerto todos esses conceitos se tornam em preconceitos, Moullinex & Companhia no CCB foi, de facto, dos melhores exemplos possíveis.