Entrevista a Pedro Ventura, Escritor Português

Boa noite a todos!

Cá estou eu, mais uma vez, para vos dar a (re)conhecer mais um autor português! Pedro Ventura é o autor das Crónicas de Feaglar que alguns já conhecem. Sempre simpático e divertido, disponibilizou-se para falar um pouco de si e do seu trabalho.

Aproveito para agradecer todo o apoio que andas a dar a este projecto, Pedro 🙂

Deixemos, então, a palavra para o Pedro:

Sobre mim:

O meu nome é Pedro Ventura. Nasci no Montijo e actualmente vivo em Viseu. Sou o autor de Goor – A Crónica de Feaglar, volumes I e II. Também participei em várias antologias e colaborei na revista Dagon. Sou essencialmente um criador de estórias e tento partilhar através dos meus livros as realidades paralelas que habitam a minha imaginação. Para mim, ser escritor é partilhar algo e a maior recompensa, o maior prémio que posso ter é existir alguém que goste de “habitar” aquele mundo ao qual abri a porta através da escrita.

Não há muito mais a dizer… Sou uma pessoa comum, que luta diariamente pela vida e que enfrenta, como a maioria, os problemas do quotidiano. Não sou o “partizan” que alguns imaginam, mas também não me moldo por determinados estereótipos… Sou o que sou e continuarei a sê-lo, independentemente daquilo que o futuro me trouxer.

Estilo e Ritmo de escrita:

Goor é basicamente uma crónica épica com alguns condimentos do Fantástico. Mas não há lugar para elfos, anões ou dragões, apesar de me dar muito bem com eles e escrever-lhes sempre no Natal. Aqui a opção foi outra… A início pode parecer mais uma típica estória de Fantasia, mas essa ideia desaparece rapidamente ao fim das primeiras páginas.

Em Espanha afirmaram que o meu estilo narrativo é fluído e objectivo e que, apesar do enredo ser intrincado, nada é supérfluo ou meramente decorativo. De facto, preocupo-me bastante com a vivacidade da narrativa, com a acção. As estórias surgem na minha mente num ritmo quase “cinematográfico” e eu tento transmitir para o papel esse fulgor, apesar de nem sempre ser fácil fazê-lo devido aos condicionalismos inerentes ao próprio acto de escrever. Outra particularidade da minha escrita está relacionada com o facto de as minhas personagens serem essencialmente “humanas”, um somatório de defeitos e virtudes comuns a qualquer pessoa. Essa faceta humana sobrepõe-se a qualquer capacidade sobrenatural que possam ter. Não encontrarão personagens perfeitas, nem uma clara dicotomia entre o Bem e o Mal, apesar de subsistir uma diferenciação entre o que está certo e errado, à luz de certos conceitos morais. Os meus “heróis” são capazes do melhor e do pior, não se escusando a, por vezes, meterem a “pata na poça”. Mas não é por isso que perdem valor, pelo contrário… Errar é humano, não é?… Nas minhas estórias não há “santos”, até porque sou avesso a “santificações”… Talvez seja por estas razões que muitos leitores consideram ser fácil identificarem-se com uma determinada personagem ou situação. Tirando os tais condimentos do Fantástico, ficamos perante uma estória que poderia ser vivida por qualquer um de nós.

Influências:

Fui mais influenciado por uma época e pelas particularidades da minha juventude do que propriamente pelo autor X ou Y. Aliás, a influência do género em que hoje escrevo não foi predominante no meu passado, apesar de ter estado sempre entre as minhas preferências. Desde criança que tive a sorte de ter acesso a todo o tipo de literatura e isso contribuiu para que eu não me “encostasse” apenas a um género literário, o que é sempre redutor. Curiosamente, essa diversidade reflecte-se na minha escrita e na minha mentalidade bastante avessa a dogmas ou a fundamentalismos. Ainda hoje considero uma boçalidade haver quem considere o Fantástico como um género menor, quando estamos a falar de algo que se confunde com a própria essência do ser humano e que nos acompanha desde os primórdios. Acredito que sem a imaginação ainda seriamos meros primatas a saltar de ramo em ramo… Tenho alguma pena daqueles que repudiam taxativamente tudo o que emana do imaginário, pois são pessoas que negam uma parte de si próprios, talvez uma das mais importantes… E se a imaginação é uma característica infantil, espero sinceramente ser um pouco criança até ao meu último dia… ( desculpem o devaneio… )

Mas as minhas influências não se resumem à literatura. O cinema e a televisão tiveram um papel muito importante na minha formação e não o renego essas “origens” muitas vezes vistas como “inferiores”. Foi através da televisão que conheci, por exemplo, o trabalho de Rod Serling e só posso estar agradecido por em minha casa se preferir Twilight Zone à novela da noite, nos idos tempos em que só haviam dois canais.

O que encontraste de bom e de mau enquanto escritor?

A escrita levou-me a um novo mundo onde conheci pessoas muito interessantes e fiz novos amigos. Essas amizades acabaram por eclipsar todas as dificuldades.

Projectos Futuros:

Se tudo correr bem, irei publicar um livro ainda este ano. Pessoalmente, esse relato surgiu da necessidade de um “acerto de contas” com a minha personagem fetiche de Goor. Será um livro despretensioso em que, mais uma vez, tentarei abrir a porta ao universo iniciado em Goor, apesar de não ser propriamente uma continuação directa. É verdade que trago de volta uma personagem fulcral em Goor, que a acção terá lugar no mesmo mundo e num rescaldo dos acontecimentos relatados na Crónica de Feaglar, mas esta será uma estória autónoma. Vou finalmente poder esclarecer alguns enigmas que ficaram sem resposta e trazer ao enredo um pouco da minha “mitologia pessoal”. Será um livro bastante intenso e onde a acção será mais uma vez privilegiada. E adivinhem! A personagem principal será feminina — em Goor dois terços dos “protagonistas” já o eram… (Mais uma vez) Não se trata de um elemento “embelezador” e frágil. Não! Comparada com ela, a Ripley é uma menina de coro…

O que dirias a alguém que sonha ser escritor?

Ora aí está algo complicado… Os sonhos exigem muito de nós porque são um pouco como uma grande paixão platónica. Quando assumimos essa paixão, temos de estar preparados para o insucesso, para o ridículo, para irmos ao Inferno em menos de um suspiro… Ei! Mas também podemos tocar o céu, não é verdade? Vale sempre a pena tentar! Não é nenhum pecado… E quando esses sonhos, essa paixão é genuína, nada mais importa. Lutem! Arrisquem a vossa alma e o vosso coração nesse sonho. Quem sabe?…

Livros do autor:

Links úteis:

http://www.freewebs.com/pedroventura/index.htm ( site pessoal )

http://vozdecelenia.blogs.sapo.pt/

http://correiodofantastico.wordpress.com/

http://feiradeantiguidades.blogspot.com/

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4 Comentários
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DML
DML
14 anos atrás

FORÇA PEDRO!

Tatiana Moreira
Tatiana Moreira
14 anos atrás

Bem, já estava curiosa quanto a estes dois livros.. agora quero ler xD

Lurdes Almeida
Lurdes Almeida
14 anos atrás

Tenho seguido o seu trabalh porque acredito que é o escritor com maior potêncial na actual geração. Não se limitou a copiar, criou um estilo próprio e deu um novo impulso a este tipo de escrita. No seu género, os dois Goores superam tudo o que por cá se faz e muito do que é produzido no estrangeiro.

Roberto Bilro Mendes
Roberto Bilro Mendes
14 anos atrás

Os meus parabéns Pedro! Sabes que sou talvez um dos mais ansiosos pelo novo livro…

Um grande abraço amigo!

Roberto Mendes

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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