O Prisioneiro de Zenda
Anthony Hope (tradução de Maria Lúcia Lima)
Sextante
200 págs
16,60 euros
No imaginado Reino da Ruritânia, Rudolf V é drogado e manietado na véspera da sua coroação. O coronel Sapt e Fritz von Tarlenheim, os mais fiéis servidores de Sua Majestade, encontram uma solução ardilosa para que tudo pareça bem aos olhos dos súbditos: Rudolf Rassendyll, um visitante inglês e primo afastado do monarca, deverá tomar o seu lugar na cerimónia, ajudando a fracassar a conspiração conduzida por Michael, Duque de Strelsau, meio-irmão do raptado. Contudo, Michael e o seu braço direito Rupert de Hentzau – cujo nome dá o título à continuação, romance publicado quatro anos depois – não desistem de levar a diante os seus conspirativos propósitos.
A escrita de Anthony Hope revela-se de uma eficaz elegância, consonante com o tema e o cenário: «contar aqui os detalhes da minha vida diária dessa época poderia talvez ser instrutivo para os curiosos pouco familiarizados com o interior de um palácio; revelar alguns segredos de que me inteirei talvez tivesse interesse para os estadistas da Europa. Não tenciono fazer nenhuma dessas coisas. Ficaria entre a espada da insignificância e a parede da indiscrição, e considero que será melhor limitar-me estritamente à comédia de enganos que se desenrolava clandestinamente nos bastidores da política ruritana».
Claro que, como qualquer clássico, há uma história de amor pelo meio. Rassendyll apaixona-se pela Princesa Flavia, dama prometida ao rei, contudo, para sucesso das maquinações políticas, não lhe pode revelar quem realmente é. Decide resgatar o rei e liderar uma tentativa de entrar no castelo de Zenda. Os combates, agora, serão dois: um, contra o vilão da Corte; o outro, com os seus sentimentos mais afoitos que impelem o romantismo mais profundo e que parecia desconhecer.
Com este volume, a Sextante Editora prossegue a sua colecção de clássicos de aventuras, uma proposta que reúne alguns dos melhores romances de acção que fizeram as delícias de outras gerações de leitores, em especial duramente a juventude.
Publicado originalmente em 1894, terá sido este o romance que lançou a tendência de narrativas ficcionais localizadas em países inexistentes, principalmente na Europa Central ou Europa de Leste (como a Bordúria ou a Sildávia, onde se desenrola O Ceptro de Ottokar, volume emblemático de As Aventuras de Tintim).
João Morales