Queridos leitores, como estão? Pois é, cheguei ao Japão no Sábado, mas só agora vos estou a conseguir escrever. Chegámos bem, apesar de alguns percalços. Para chegarmos ao nosso destino final em Fukuoka, a Universidade de Kyusho, precisámos de três aviões (um deles de 12h o qual tinha um ecrã onde vi pelo menos dois filmes, joguei imenso sudoku e também um jogo para aprender algum japonês!), um metro e ainda um autocarro. Devem imaginar o estado em que chegámos! Cansadinhos, cansadinhos, cansadinhos. Foi comprar o básico de sobrevivência e tentar dormir. Eu ainda estou em jetlag, infelizmente, o que quer dizer que ainda não dormi uma noite seguida, mas estou com esperança que isso aconteça brevemente. Senão acho que vai andar por aqui uma portuguesa meia maluquinha da cabeça. Ahahah
Ontem fomos explorar a península seguindo o trilho do rio. Andámos cerca de 15km! Parámos numa pequena mercearia para petiscar algo, aqueles triângulos de arroz com salmão embrulhados em alga e ainda umas tangerinas gigantes (juro que até as maçãs parecem ter o tripo do tamanho das nossas), e foi quase cómico comunicar com a senhora local. Ela foi uma querida autêntica e a coisa aconteceu, mesmo ela não percebendo nem falando nada de inglês e nós muito pouco japonês. Ao longo da nossa caminhada fomo-nos cruzando com outros locais e é muito engraçado constatar que o espectro de simpatia varia mesmo muito. Tanto encontramos pessoas mais velhas que lançam sorrisos e vénias como pessoas completamente introvertidas e fechadas.
Mais tarde encontrámos outra loja (tenho pena de não a ter fotografado) cheia de coisas orientais e budistas, onde aproveitei para comprar mais incenso e ainda um cortinado para o meu quarto. A ideia é tornar o espaço o mais pessoal possível, já que vou lá viver mês e meio, e assim limpar um pouco da insipidez que é sempre característicos destes tipos de habitação temporária em dormitório. Acho que ficou tudo bastante bem!
Passámos por florestas, praias e parques, e fiquei sempre fascinada com a variedade da flora e a sua cor. Muitas das árvores não consegui identificar. Parecem quase mutantes ou junção de várias espécies. Mas o verde! O verde! O verde é tão vivo como o céu também é meio espesso e cinzento. Está calor, mas ao que parece viemos na época sazonal da chuva e o ar está sempre bastante abafado. A humidade é quase sempre superior a 80% e acho que ainda não apanhei nenhuma fase de céu limpo. Hoje de manhã (não se esqueçam que estou sempre a escrever-vos com oito horas de avanço) estava um sol mesmo quente, mas agora, por exemplo, já está tudo outra vez meio cinzento. Aliás, no primeiro dia apanhámos tanta chuva que as minhas sapatilhas ainda não secaram! Ahahah
Okay, vamos a outro ponto importante: alimentação! Ainda estamos numa fase meio híbrida, em que tentamos passar para a alimentação típica japonesa, mas para um português não é assim TÃO fácil. Ou então sou só eu. Mimada como sou, habituada ao meu pote de café e às minhas torradas logo de manhã, com uma fruta no início ou no final, ter que passar a comer triângulos de arroz ou algo semelhante logo de manhã… Como trouxe doses individuais de café, ainda estou a conseguir manter essa parte, mas de resto… Ahahah! E agora, imaginem, nós não comemos carne, mas os japoneses não são, de todo, vegetarianos. Aliás, a maioria come frios ao almoço, embalagens já pré-concebidas, em que eles misturam tudo. Como não há rótulos em mais língua nenhuma que a japonesa, andamos a aprender por tentativa e erro. Tal como ontem, pensávamos que estávamos a comprar um sumo 100% fruta (não se vê fruta à venda em quase lado nenhum e então temos de compensar de alguma maneira), mas quando fomos abrir vimos que era uma base de sopa. Ahahahah! E hoje ao almoço, disseram-nos que tirando um dos elementos do pack que era carne, o resto era arroz e peixe. Pois bem, quando começamos a comer o arroz, com a folha de alga por cima, damos conta que tem carne no meio. Ai ai! Ao menos temo-nos rido que é uma coisa estúpida. Aliás, ontem comprámos daqueles ramens que vêm embalados, com a massa e os ingredientes em saquinhos, e o que nos rimos quando abrimos alguns deles (que obviamente não metemos no nosso ramen) por causa das suas texturas e cores. Não fazemos ideia do que são algumas coisas, ou do que são feitas, o que só por si acaba por ser cómico quando temos de comer e temos.
De resto ainda é muito cedo para fazer qualquer tipo de balanço. Na faculdade, fomos muito bem recebido pelo chefe do departamento e estamos finalmente instalados numa sala só para nós, com vista para as montanhas e para a floresta. Quem me dera em Portugal trabalhar com esta vista! E há tanto que fazer! Temos imensas ideias que queremos colocar em prática e eu tenho ainda uma cadeira para terminar, fazendo um trabalho para o qual estou muito entusiasmada e que acho que pode trazer resultados muito, muito interessantes!
E cá estamos! Não prometo escrever com muita regularidade, porque temos mesmo muito trabalhinho pela frente, mas quem sabe ainda surge essa disponibilidade! Deixo-vos com algumas fotografias, do telemóvel, que fui captando desde que saí de Portugal. Até já!
PS: Adoro o facto de encontrar corvos em tantos sítios! E tanto no dormitório como aqui na faculdade conseguimos ouvi-los grasnar! Ahahahah 🙂
O adeus a Portugal |
Chegada a Tokyo, prestes a partir para Fukuoka |
A chegar a Tokyo |
Aeroporto Fukuoka |
Domitório |
Andando por Fukuoka
Primeiro dia na Faculdade
Work with a view |