Diário da tour internacional do UM AO MOLHE #10

Cidade de Deus durante o dia, cidade do Demo à noite, Santiago de Compostela deixou mazelas (boas) sobretudo porque o Demo andou à solta desde a tardinha desta vez…

Manhã dificil, portanto. Acordar cedinho e esperar 1h que as casas de banho do hostel ficassem livres foi uma prova de resistencia higiénico-urinária.

Lá fomos nós a caminho de Santa Uxía (Eugénia em Galego) de Ribeira. “Aparcamos” perto de uma antiga fábrica de conservas abandonada extremamente fotogénica. Vidros partidos, entulho e resquícios de actividades junkies noventeiras que contrastavam com a amplitude e beleza da ria logo abaixo. A Sala Real era ali perto nuns armazens/barracoes. A malta de lá usa um barracao como sala de concertos e outro como sala de aulas de gaita de foles e percussao galega. A particularidade de nao ter casa de banho obriga a algumas aventuras criativas.

Este prometia ser um grande dia com 8 concertos! 5 galegos e 3 portugueses mas para quê fronteirar quando podemos galaico-portuguesar?

Mal chegamos, no entanto, começou a bater-me o cansaço e atirei-me para um sofá, podiamos fazer as coisas devagarinho portanto dava para respirar. Apesar de termos chegado em mau estado, houve quem estivesse pior. Punkresta Chumeiras teve infelizmente que cancelar porque tinha ficado afónico da noite anterior num concerto punk. As melhoras para o rapaz!

Fomos montando o material todo no palco e só vos digo que dava cá um gozo do c€@&lho ver o material de toda a gente por lá espalhado! Uma das descobertas do dia foi a banda com a qual foi calibrado o PA: Das Kapital. Já não existe mas recomenda-se  https://daskapital1.bandcamp.com/

Na sala do lado havia uma mesa de comida com tanta comidinha boa! A Antía fez uma massinha deliciosa, uma tortilha bem mais criativa e gostosa do a que se encontra por aí, húmus bem temperadinho e ainda arroz doce! O Doctor Migraña trouxe croquetes feitos por ele que desapareceram num instante vá-se lá saber porquê.

O supracitado autor dos fabulosos croquetes, Doctor Migraña, começa as hostilidades com a canção perfeita para o momento: um blues de ressaca cuja primeira estrofe era qualquer coisa como “fui ontem pós copos e estraguei-me todo, nem sei por onde andei nem o que andei a fazer” etc., etc., etc., numa voz rouca e ressacada. Era reconfortante saber que eu nao era o unico naquele estado (convem referir que sei bem o que andei a fazer na noite anterior, a propósito), durante o concerto dele a minha cabeça oscilava entre o ombro do Manel e o braço do sofá. O cansaço chegava forte. Rotes Buch veio depois mas o ombro do Manel era confortavel demais e so me lembro de ter gostado do timbre da guitarra que estava a tocar. Ao despertar, era hora de activar pois tinha muitas ganas de rever Mona ao vivo e ouvir o que ele anda a fazer. Conheci-o há uns 5 anos quando fui pela primeira vez ao LaBranza com os Sensible Soccers (está a dar-me um dejá vu, ja falei do Labanza no diário anterior, creio) e só nos temos visto nestas andanças de tempos a tempos. Gosto muito da abordagem dele à música. Ah, ainda nao mencionei que a Sala Real tem grande som – importante para a frase seguinte – deitei-me no chão e levei cá uma massagem sonora… Os graves percorriam-me o corpo todo e pouco a pouco fui ficando mais revigorado, ainda por cima ele só usou o amplificador da Débora (Bassman ’59, para os curiosos). Aaaaah, ja me começava a sentir melhor. Bom som cura tudo!

Modulador de Ondas depois. Para os mais incautos, procurar tambem Camarada Nimoy. Neste universo quase swingado de imaginário socialista-comunista com ficção cientifica, há a particularidade de tocar theremin. Tocar mesmo, digo; usa a técnica desenvolvida pela Clara Rockmore de controlo de pitch e volume que permite precisar um pouco mais a nota e os intervalos musicais. A título de geekice sonora, esta exploração técnica tinha por objectivo o credibilizar do theremin ao mesmo nível dos instrumentos clássicos, ou seja, para além do efeito bonito que o instrumento consegue fazer.

A nossa Surminha veio logo depois e pelas palavras dela: “estava um ambiente fofinho na sala” até que profere outras palavras surpreendentes: “na próxima música vou soltar o Pestana que há em mim”. Que grande noisalhada!! Temo infelizmente estar a levar esta rapariga para máus caminhos.

O Manipulador está em grande forma, parece o Deco durante o Euro! A coreografia que inventamos para Ground People rapidamente se espalhou pelo publico!

No meio disto tudo, a noite caía e a minha forma voltava ao meu nível habitual *cof* *cof* a pica de tocar da sempre uma energia extra (cafe e licor-café ajudaram tambem) mas honestamente, o “buen’ rollo” deste pessoal foi o grande catalizador da remontada do cansaço. Deu para tocar umas malhas novas e tudo!

No pós-concerto ainda fomos descomprimir com os nossos anfitriões e deparamo-nos com uma mesa de “billar de setas”, vao googlar. É uma espécie de futebol em bilhar. Muito divertido.

Obrigado malta da Sala Real por fazerem um dia bonito!

Pedro Pestana, Tren Go! Sound System

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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