atravessando o rio
quando se é um pássaro, pode-se voar até ao infinito.
quando se é ar, pode-se viajar livremente.
quando se é viajante, aquece-se o coração com aquele cheiro a café.
não voltei àquele botequim desde que partiste.
mas coloquei na grafonola aquele disco dos Beatles
e dançámos
concluindo que não passávamos de dois desenvergonhados em questões de dança.
sentimos o mundo parar.
sentimos o mundo a respirar.
de repente deste-me a mão e sussurraste:
vamos sair daqui e encontrar um novo mundo?
porque o viajar já é mais que a viagem.
sorri. acenando.
segurei a tua mão, com toda a força, e partimos.
[a foto foi tirada junto ao Cais das Colunas, Lisboa. Fevereiro de 2017]
* retirado da canção “Essa Tarde” d’Os Paralamas do Sucesso
Ana Cláudia Silva