«Isto de não querer esquecer é uma prova, um lugar-comum acerca do qual toda a gente nos previne e que, evidentemente, dificulta o luto e o torna mais longo. (…) De qualquer maneira a proibição parece-me brutal e própria de uma mulher possuída pela violência das suas emoções, mesmo que se esforçasse por ocultá-lo. Ela própria [Marie Curie] reconheceu a sua dissimulação numa carta que escreveu a uma amiga, aos vinte anos: “Quanto a mim, estou muito contente, porque com frequência escondo no riso a minha absoluta falta de alegria. Foi uma coisa que aprendi quando me dei conta que as pessoas que vivem tudo com tanta intensidade como eu não são capazes de mudar esta característica da sua natureza e têm de dissimular o melhor possível.” Tal como os géiseres, só de quando em quando deixava escapar o seu íntimo ardente.»
A Ridícula Ideia de Não Voltar a Ver-te, de Rosa Montero