“Um dia tenho de lhe contar a história do faroleiro. Acho que vai gostar de a ouvir.
Está bem, concordei. Agora tenho de voltar para dentro.
Porquê.
Porque estava a fazer uma coisas.
Coisas?
Sim. Coisas.
Vai pôr o farol a funcionar outra vez?
Eu?
Assim vestido.
Não. Nada disso. Mas tenho de ir.
Repetimos essas frases muitas vezes, não é?
Que frases?
Tenho de ir. Estou com alguma pressa. Tenho coisas para fazer.
Não percebo.
Parece que o lugar onde estamos nunca é suficientemente agradável. Deixa-me lá ver se acolá se está melhor. E, quando lá chegamos, percebemos afinal que a vida também estava a acontecer onde estávamos. Mas agora já estamos acolá e não podemos regressar, porque a vida também acontece acolá.“
– João Tordo, O luto de Elias Gro