Morte em Palco
Caroline Graham
Editora: ASA
Sinopse: Todos os atores adoram um bom drama e os membros da Causton Amateur Dramatic Society não fogem à regra. Românticas cenas de amor, momentos de ciúme e desespero, reconciliações operáticas, egos em fúria… as emoções estão ao rubro nesta produção amadora da peça Amadeus. Todavia, até as mentes mais criativas têm de admitir que assassinar o protagonista em palco é um pouco excessivo. Felizmente, o inspetor Tom Barnaby está na plateia e assume o controlo da situação. Da ex-mulher ressabiada a inesperados amantes secretos e atores invejosos, não lhe faltam suspeitos. O que parece faltar-lhe, sim, é objetividade. O bom inspetor conhece perfeitamente todos os envolvidos, são seus vizinhos e amigos, e por isso mesmo, conseguirá ver quem eles realmente são?
Opinião: Estreei-me com Caroline Graham no primeiro volume desta colecção – Morte na Aldeia – e foi com entusiasmo que peguei em mais uma das suas histórias. Com um desenvolver de história um pouco mais lento do que aquele que esperava, Morte em Palco mostrou-se uma leitura fácil, cheia de peripécias e com muitas interrogações.
O cenário leva-nos para um palco de teatro em que os seus protagonistas são personagens muito curiosos. Cada actor tem as suas manias e todos buscam os seus momentos de ribalta, uns mais à vontade que outros. Quando existe um que é, claramente, o líder, as intrigas e invejas são mais que naturais. A peça que se prepara, Amadeus, envolve um certo grau de risco que irá elevar ainda mais a grandiosidade do grande artista central. O que não se estava à espera era que a cena tão ensaiada e cuidadosamente preparada resultasse num autêntico desastre em tom de banho de sangue.
O interrogatório começa logo de seguida e é neste intrincado desenrolar de acontecimentos que a cabeça do leitor começa a ferver com suposições e perguntas. Quem, o quê, porquê? Razões parecem existir de forma infinita, mas as motivações não se mostram de todo claras.
Gosto da forma como a autora aborda cada personagem e, dado o tempo em que foi escrito, assume a homossexualidade e a bissexualidade de forma tão natural. Também os amores e desamores, paixões e ódios, a sinceridade e gestos desinteressados, são todos contextualizados em circunstâncias realistas e que tornam todo o enredo bastante humano, tanto nas coisas boas como nas coisas mesquinhas e dispensáveis.
O desfecho é tão previsível como inesperado. Por muito que a desconfiança nos tenha acompanhado durante grande parte da leitura, a surpresa acaba por surgir com a confirmação, afinal na minha opinião, pareciam haver candidatos mais fortes! Mais um livro da colecção Crime à Hora do Chá que se tornou uma das minhas preferidas com estes policiais tão característicos.