Opinião: Alvorada Vermelha, de Pierce Brown

Alvorada Vermelha

Pierce Brown

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Alvorada Vermelha é o primeiro volume de uma trilogia que tem tudo para conquistar a legião de fãs de Os Jogos da Fome. Passa-se numa altura em que a humanidade começou a colonizar outros planetas, como Marte. Darrow é um jovem de 19 anos que pertence à casta mais baixa da Sociedade, os Vermelhos, uma comunidade que vive e trabalha no subsolo marciano com a missão de preparar a superfície do planeta para que futuras gerações de humanos possam lá viver. No entanto, em breve Darrow irá descobrir que ele e os seus companheiros foram enganados pelas castas superiores. Inspirado pelo desejo de justiça, Darrow irá sacrificar tudo para se infiltrar na casta dos Dourados… e aniquilá-los! Vingança, guerra e luta pelo poder num romance de estreia empolgante.

Opinião: Rotinas. Rotinas sem grandes reflexões sobre as mesmas, apenas um sentido de dever e de aceitação pelo que se faz. O que é que acontece quando as perguntas surgem? Quando a dúvida se instala e questionar e procurar saber mais se torna num frémito impossível de conter? Universos que escondem mundos, em que apenas alguns sabem da existência de outros, nunca se tendo noção completa da totalidade de populações ou governos. É este o panorama geral de Alvorada Vermelha, mas a forma como começa por ser explorado e nos vai elevando na sua complexidade está de tal maneira bem construída que conseguimos dar por nós quase dissociados de capítulos anteriores, tendo sempre noção desse passado que parece longínquo. 

E é bem por baixo que começamos, com os Vermelhos, os humanos ingénuos que, dentro da sua hierarquia e guerras de gente grande, julgam estar a preparar o planeta Marte para os habitantes da Terra, não fazendo ideia de que apenas alimentam toda uma outra gente, com as suas próprias regras, a viverem confortavelmente, ou nem tanto assim, nas paisagem de Marte. E é através de Darrow que assistimos a uma transformação radical, mas necessária, para a compreensão e descoberta da verdadeira trama humana. Se no fundo temos os Vermelhos e no topo os Dourados, assistir à transformação de Darrow teve tanto de fascinante como de doloroso. 

Esta leitura prendeu-me principalmente pela capacidade exímia de Pierce Brown em me conduzir pelos meandros físicos e psicológicos de um enredo que se vai compondo, camada sobre camada, aumentado de dimensão, sem nunca me fazer sentir perdida e dando sempre um sentido lógico no decorrer de cada acção, um impulso que nos amplia os nossos sentidos e nos faz correr folha após folha sedentos por mais. Existem, também, uma série de analogias que podem ser feitas com a realidade. Se Descartes, Spinoza, Leibniz e Sartre, nos seus tempos, discutiram as várias formas de liberdade, e o que é que pode ser considerado um homem livre, também neste livro o autor dá que pensar ao leitor. 

A realidade dos Dourados, por exemplo, consegue deixar-nos incrédulos, se bem que não chocados, desde o início. Não só pela métrica da perfeição exigida, como ainda pela crueldade com que a suposta educação superior se dá. Quando se é obrigado a matar, logo ao início, para se poder avançar, constatamos que existe realmente alguma coisa de muito errado. Após essa matança inicial, em que cada aluno é emparelhado com um par e em que só um sobrevive, os estudantes são agrupados por equipas, mas o que enfrentam não é uma aprendizagem teórica, mas antes uma luta pelo comandar e conquistar em que apenas os mais fortes ficam de pé no fim. Desde líderes por poder a escravizados por obrigação, dinâmicas de imposição e submissão são uma constante. Resta-nos torcer para que Darrow não perca a sua verdadeira identidade pelo meio. 

Resumindo, temos um universo distópico coerente, com um bom ritmo de evolução e cujas personagens estão bem construídas, misteriosas o suficiente para nos agarrar até à última página, sendo que esta reserva uma decisão que me deixou bastante baralhada, confesso. A escrita é boa, a linguagem está bem adaptada e por isso não me custa nada recomendar Alvorada Vermelha a amantes de universos distópicos. Fico a aguardar pela continuação, gostei. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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