O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro
(1911-1912)
I
Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr do Sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
É se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.
Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
(continua…)
Porque sim 🙂
Adoro Fernando Pessoa!!!
A imagem que escolheste é belíssima!
Bjokas*
Obrigado Jojo 🙂
Com pouco tempo para as leituras e com queda para me refugir em alguns poemas de Fernando Pessoa, decidi colocar aqui um excerto deste grande poema 🙂
Talvez vá postando mais uns. Não há forma melhor de nos expressarmos do que através de um poema 🙂
Beijinhos ***