Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo…
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima…
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor –
Tu não me tiraste a Natureza…
Tu mudaste a Natureza…
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
(continua…)
Gosto muito de Caeiro, ele sempre me passa uma ligação direta com a natureza com uma simplicidade admirável, mas aqui em casa se lê muito mais Campos e sua metatífica. Sabe-se lá porque. rs
A simplicidade é prazerosa, mas quase sempre esquecida, não é mesmo? Grande abraço e que 2010 seja um ano cheio de inspirações em todos os campos de sua vida.
Olá Marco,
A primeira vez que estudei Fernando Pessoa apaixonei-me por Álvaro de Campos. É muito mais dramático e intenso em sentimentos.
Mas com o passar do tempo e com o decorrer de tantas coisas, a simplecidade de Caeiro arrebatou-me.
Não diziam já que Fernando pessoa era seguir das artes antigas? Quem sabe?
Sei que ler Caeiro me transmite muito de uma maneira simples e límpida.
Um grande abraço para si também e um 2010 cheio de luz e de concretizações desejadas.