Olá a todos! Apesar de andar cheia de trabalho até ao tutano, decidi tirar um bocadinho da noite para postar uma entrevista já feita há alguns dias, mas que ainda não tinha conseguido organizar.
Hoje apresento-vos a autora portuguesa Inês Botelho! Vamos lá conhecê-la um pouco melhor!
Nasci em Agosto de1986 e sempre tive propensão para as Artes e as Ciências. Divertia-me tanto a resolver problemas de Matemática como a ler ou a subir a um palco para alguma apresentação musical ou teatral. Nunca consegui restringir-me a uma só área. Essa ideia de uma especialização muito afunilada, a dedicação exclusiva a uma vertente ou a afirmação de uma única verdade, ainda hoje me parece demasiado monótona e limitativa, um modo de convidar dogmatismos e ignorâncias. De forma mais ou menos activa, continuo a embrenhar-me em diversos campos: Ciências, História, mitologias, música, dança, cinema, teatro, literatura. Influenciada por esta idiossincrasia, e insistência, completei o 8º grau de Piano e Formação Musical, licenciei-me em Biologia e ingressei recentemente no Mestrado em Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Por motivos semelhantes, quando escrevo não gosto de ficar condicionada a um género ou a um formato. Enquanto ficcionista, interessam-me a potencialidade das ideias e o desafio que elas criam; quero projectos que me entusiasmem e estimulem.
Estilo e ritmo de escrita
Cada história é um caso pelo que tento adaptar-me às necessidades das várias narrativas. De qualquer modo, existem algumas constantes. Pretendo histórias pouco, ou nada, lineares, com camadas e sub-camadas, que possuam mais informação do que a que é imediatamente visível e, portanto, que ofereçam diversos níveis de leitura e se prestem a sucessivas redescobertas. Como adoro símbolos e simbologias, introduzo-os constantemente nos enredos. De facto, têm-se revelado muito úteis para criar alguns dos efeitos que desejo. Além disso, gosto de uma linguagem com noções de ritmo e melodia, quero que ela contribua para a narrativa, que se torne uma parte fundamental, indissociável dos eventos expostos. Mais do que declarar ou mostrar, procuro insinuar, induzir o leitor em certa sensação.
Divido o processo de escrita em três fases, todas elas de duração variável. A primeira fase é dedicada à investigação e construção da história. Pesquiso o que é necessário, desenvolvo as personagens, aprendo a conhecê-las e estruturo o enredo, decido onde começar e onde acabar, defino objectivos principais e determino alguns pontos fulcrais por onde a narrativa tem de passar. Segue-se o período de escrita efectiva que, em geral, se prolonga por menos tempo do que a fase anterior. É uma fase de trabalho intensivo; começo de manhã e paro à noite, algures entre as 22h e as 2h, conforme o cansaço e a concentração. Por último, alguns meses após terminar o livro, revejo-o e faço todas as alterações que me parecerem benéficas.
Influências
Tudo. Exactamente isso, sem exageros ou pretensiosismos: tudo. Ao escrever, um autor pode tentar anular opiniões pessoais, mas ainda assim o que cria, os diferentes pontos de vista que trabalha, são informados por aquilo que o autor observou, pensou, imaginou, viveu e vivenciou. O que lemos e ouvimos, as nossas experiências e conhecimento, formam o terreno fértil sobre o qual se desenvolve a narrativa.
Houve muitos livros, filmes, músicas e peças de teatro que me marcarem, mostraram-me outras realidades, novos mundos, diferentes personalidades, ensinaram-me técnicas e sugeriram-me estruturas. No entanto, nenhum deles é a essência ou a grande base do que faço. Cada autor deve saber encontrar a sua própria voz, não a de outros. De qualquer modo, e referindo apenas alguns, Marion Zimmer Bradley, Michael Cunningham, Vergílio Ferreira, Natália Correia, Aldous Huxley, William Faulkner, Amos Oz, Vladimir Nabokov, Margaret Atwood, Neil Gaiman e Angela Carter foram importantes em épocas distintas.
Que livro gostaste mais de escrever e porquê
É sempre o último. Em muitos aspectos a escrita é um exercício como qualquer outro, portanto, idealmente, quanto mais se praticar melhor se será. Primeiro aprendem-se as regras, depois podemos dedicar-nos a subvertê-las. Quanto mais escrevo, mais à-vontade me sinto, solto-me, experimento outras abordagens; o processo torna-se cada vez mais enriquecedor e desafiante.
Projectos para o futuro
Concluir o mestrado que iniciei em 2009, terminar o livro em que estou a trabalhar, continuar a dedicar-me à escrita esporádica de contos e testar a viabilidade de uma panóplia de ideias ainda em fase demasiado embrionária para se falar delas.
O que dirias a alguém que quer seguir carreira de escritor
A leitura é fundamental. Não uma leitura acrítica e superficial, destinada apenas a queimar minutos. Tem de se ler a descobrir as várias camadas, desperto para os detalhes e com vontade de ficar a degustar os textos por muito tempo. Também me parece importante cultivar o conhecimento de outras artes: cinema, teatro, dança, música, pintura, escultura, fotografia.
Em termos mais práticos, acho perigoso ficar contente com a aparente genialidade de uma primeira ideia. Deve-se sempre procurar fazer melhor, testar outras hipóteses, explorar abordagens diferentes, analisar com cuidado cada possibilidade e evitar propagar falhas por mera preguiça. Nestas questões, o instinto pode provar-se útil, mas a auto-crítica e a racionalidade são mais fiáveis.
Aqui ficam as obras da autora até agora:
A Filha dos Mundos – Trilogia Ceptro de Aerzis
Sinopse: “Ailura teve uma infância repleta de contos de fadas, elfos e duendes, de todo um mundo mágico e maravilhoso. Mas, como todas as crianças, cresceu e, lentamente, esqueceu esse mundo encantado, até que deixou de acreditar que a barreira que separa o nosso mundo dos sonhos e do maravilhoso não é mais espessa que o próprio ar.”
A Senhora da Noite e das Brumas – Trilogia Ceptro de Aerzis
Sinopse:” Mais uma vez as Terras da Luz estão em perigo, Morgriff recuperou novamente as suas forças e invadiu a cidade de Omnirion. A única esperança do Povo da Luz é Galaduinne, a filha de Ailura e Edínmtor, que se refugiou em Brumívium onde, com a ajuda da Senhora da Noite e das Brumas e das sacerdotisas de Névila, aprenderá os segredos da noite e preparar-se-á para defrontar Morgriff.”
Sinopse: ” Passaram-se seis anos desde que Iruvienne se tornou Rainha das Terras da Luz. Aran regressa das Terras Brancas e com ele vem o príncipe Legonon. Tudo parece correr bem, até que Iruvienne volta a sonhar com a aranha e o homem com cabelos como serpentes… Porque terá voltado esta Visão? E qual o seu significado? Estará a resposta a este mistério algures nas Terras do Norte?
Chegou a altura de Iruvienne viver a aventura que sempre desejou. Mas será que ela está preparada para o que vai encontrar?…”
Sinopse: “Elisa e Alexandre conhecem-se num fim-de-semana no Caramulo. São ambos jovens, pertencem a círculos diferentes, vêem o mundo de perspectivas quase sempre opostas – e, no entanto, parecem incapazes de escapar à atracção que lentamente os envolve. Com avanços e recuos, iniciam então uma relação que não entendem e que questionam. Mas que os marcará para sempre.
Elisa tem medo da lua e de janelas sem cortinas. Pensa de mais e quer entender o mundo nas suas múltiplas facetas. Alexandre, pelo contrário, avança sem grandes reflexões, preocupado em aproveitar cada momento do presente antes que as responsabilidades o amarrem.
Romance de iniciação à idade adulta, O Passado Que Seremos dá-nos o(s) retrato(s) de uma geração e dos caminhos onde procura encontrar a “sua” verdade.”
Sinopse:“Prelúdio é uma obra ritmada no silêncio introspectivo das suas personagens e na musicalidade de uma escrita envolvente e inebriante. A vida corre por estas linhas prenhe de indecisões, ternura e uma infinidade de tonalidades. Os protagonistas redescobrem-se e reinventam-se, despindo camada após camada, interligando as suas histórias. Alguns sonhos esvaem-se, outros nascem. Fica a certeza do correr do tempo.”
Adorei a entrevista! = )