Editora: Esfera do Caos
Nº de Páginas: 253
Sinopse: Uma história de amor e traição de inspiração gótica, passada em Lisboa, numa Casa que reúne um grupo de jovens com muitas cicatrizes da vida. Vagabundos que procuram afectos nos labirintos da sociedade contemporânea e que encontram os seus valores no paganismo, música, dança, sexo, droga e artes circenses. Paira sobre eles o Corvo de uma fábula infantil, o herói corajoso que não desiste de lutar pelo seu Sonho. Uma conspiração vai alterar o curso dos acontecimentos. No combate entre a inocência e a violência, qual será o destino da Casa do Sonho Pagão?
Opinião: Ler este livro foi um misto de aventura e apreensão. Tal como diz na sinopse, o livro retrata um grupo de jovens pagãos, todos eles muito diferentes uns dos outros, mas que vão comunhando para um mesmo fim – a sobrevivência da Casa do Sonho Pagão. Ou assim pensamos nós. A Casa do Sonho Pagão é onde o grupo se reúne e onde ensinam a Arte às crianças.
O romance está muito bem delineado, tem uma trama bastante envolvente em que a intriga está sempre presente despertando a nossa curiosidade a cada segundo que passa.
Ao longo do romance, vai sendo contada uma história paralela – O Corvo da Crista Grisalha – que em muito nos mostra, de outra forma, o que vai acontecendo ao longo do livro.
Ao início achei a escrita um pouco confusa mas, ao longo do livro, esta foi evoluindo e foi sendo cada vez mais fácil de ler. Gostei bastante da história no geral. Achei alguns desfechos genialmente dramáticos em que o autor consegue transmitir exactamente aquilo que se calhar qualquer um de nós sentiria e mostra também a inevitabilidade dos acontecimentos.
Com uma linguagem entre as personagens extremamente real, o livro é um misto de riso e espanto.
No entanto, tenho que apontar alguns aspectos menos bons. Quanto à escrita acho que o primeiro terço do livro tem demasiados entrangeirismos e que é utilizada uma linguagem demasiado real. Como posso transmitir isto? Expressões como “ya”, “Ché”, ou outras do género, eu ouço na rua mas não estou habituada a ler num livro. Por outro lado, compreendo que, se essas expressões não estivessem lá, talvez não fossem tão características.
Depois outro aspecto pessoal e, peço a quem está a ler esta opinião, que tenha consciência disso mesmo. É uma crítica minha, sob a minha prespectiva.
Como toda a gente que frequenta este blog já deve ter reparado, sou pagã. Sou e não tenho vergonha de o admitir, apesar de tanto preconceito que ainda há nos dias de hoje.
Quando comecei a ler este livro, pensei que fosse tratar de forma mais fiel a imagem dos pagãos. O autor teve, sim, o cuidado de pesquisar certas práticas wiccanas e tentou transmiti-las de forma fiel. Eu como sou druida, essa parte pouco me afectou. O que me afectou um pouco foi a imagem que acho que o livro transmite dos pagãos.
Do meu ponto de vista, pareceu-me que todos os pagãos são malucos, ou têm taras, ou andam metidos na droga ou são delinquentes.
Achei que este aspecto ficou pouco trabalhado. Há que ter em conta que o paganismo ainda é visto com maus olhos por muita muita gente. Enfim, é mais um desabafo que outra coisa. Com isto não pretendo denegrir o livro, de forma nenhuma!!!
Acho que o livro está bastante interessante, é um romance bom de se ler com acontecimentos imprevisiveis e que ao mesmo tempo relatam tanto da humanidade.
João Pedro Duarte é, assim, um autor a ter debaixo de olho. Certamente irei ler o seu outro livro publicado.
Nota: 7/10
É mesmo a tua cara, Morrighan!