Litha (ou Meio do Verão ou Alban Hefin), coincidente com o Solstício de Verão, é o festival pagão que se realiza entre 20 a 22 de Junho (dependendo do ano) e que é dedicado ao Deus Sol.
Este é o dia mais longo do ano, quando o Sol atinge o seu zénite e está no seu auge, mas também é o dia que representa o início do declínio do Deus. A partir deste dia, os dias vão ficando cada vez mais pequenos até que em Yule (Solstício de Inverno) o Deus “morre” (o dia mais pequeno do ano) para voltar a renascer. É assim um marco que assinala o início da metade escura do ano.
Litha é, assim, um festival do fogo, em que o carvalho – árvore que representa o Deus – floresce.
A Deusa e o Deus estão no êxtase de sua união e vemos a Natureza cheia de frutos e flores belas. É o ápice do amor entre ambos. A Deusa reina como a Rainha do Verão e o Deus aproveita o seu auge, pois depois começará o seu declínio até renascer no Inverno.
No Solstício de Verão é então revelado que, após a união do Deus e da Deusa em Beltane, também a natureza revela o resultado do festival de fertilidade e, em conjunto com a Deusa, estão prontos para gerar vida nova. Nesta época do ano, é Ele o responsável pela continuidade da vida ao assegurar-se da fertilização dos campos e do ventre da Deusa.
Após a sua missão cumprida, ele dará um último beijo à deusa e partirá no barco da morte para morrer em Samhain. Da mesma forma, devemos ser humildes para não ficarmos cegos com o brilho do sucesso e do Poder. Tudo no Universo é cíclico, devemos não só ligarmos-nos à plenitude, mas também aceitar o declínio e a Morte.
E acho que, seja qual for o festival de que estejamos a falar, é este o aspecto fundamental a reter – tudo é cíclico. Tudo o que tem um início tem um fim. O caminho que percorremos pode ser duro, mas também tem os seus momentos em que pensamos que somos os reis/rainhas do mundo e pensamos que somos imbatíveis. Temos que ter os pés bem assentes na chão.
Litha é um festival de que gosto muito. Vejo-o principalmente como um festival de auto-motivação e de beleza. Aliás, olhem para os ciclos da roda do ano, para os seus festivais. Há maior beleza do que ver e compreender todo o ciclo? É que se virmos bem, podemos encarar quase tudo na vida desta forma. Mesmo quando estamos mais em baixo, lutamos para que nos animemos. A natureza fá-lo da mesma maneira. E muitas vezes para mudarmos, é preciso morrer primeiro para renascermos depois.
Símbolos de Litha pelo mundo:Alguns antigos costumes do Solstício de Verão:
– Na Europa, as celebrações deste festival foram absorvidas pela festa cristã de São João, cujo nome originou-se da erva usada com fins curativos e mágicos, como protecção ou para proporcionar sonhos e presságios.
– As homenagens aos seres da Natureza ou às divindades naturais também foram substituídas pelas populares e folclóricas festas juninas no Brasil.
– Antigamente, os casamentos eram celebrados em junho para garantir-se a fertilidade, sendo esta uma data muito propícia, embora diferente de Beltane, que era reservada aos ritos de fertilidade e ao Casamento Sagrado das divindades.
– Em Creta, o Ano Novo começava no solstício de verão, marcando o fim da colheita do mel. Para os cretenses, o zumbido das abelhas era a voz da Deusa anunciando a sua regeneração. O touro personificava o Deus e, ritualisticamente, era sacrificado para simbolizar a sua morte e seu renascimento das entranhas da Terra. A lenda do Minotauro representa nada mais nada menos do que a descida simbólica à escuridão, encarando os medos e encontrando os meios da renegeração, ao seguir o fio da vida tecido pela Deusa.
Blessed Be.
Awen
Texto desenvolvido por Morrighan