Opinião: Memórias de um Mestre Falsário de Graham Joyce

Memórias de Um Mestre Falsário
Graham Joyce

Editora: Bizâncio

Sinopse: William Heaney é uma fraude. Ainda assim, uma fraude cheia de charme. Escritor de talento, prefere escrevinhar poesia para um amigo (que se torna famoso à conta disso). Produz também primeiras edições falsas de obras de Jane Austen para espoliar os tolos e ambiciosos coleccionadores de primeiras edições. Mas não é maldoso. O dinheiro vai direitinho para um lar de sem-abrigo, e os seus crimes na verdade não fazem mal a ninguém. Há razões para não ter chegado mais longe. Quando jovem fez algumas coisas de que se envergonha.

Ah, e vê demónios!

Esta é a sua história. A história de um homem que vive com remorsos, que bebe demais, que é refém do seu demónio e é capaz de ver os dos outros: figuras sombrias, indistintas, esperando, alcandoradas no ombro das pessoas. À espera de um erro, de um momento de fraqueza… Entretanto, William aguarda sem saber bem o que aguarda. Algo que o resgate dos sofrimentos do mundo? O amor? Mas até lá, toma-se mais um copo?…

Opinião: Um livro delicioso. Adorei adorei ler este livro. Confesso que já o tinha na minha pilha de livros há algum tempo e que ainda não me tinha despertado Aquela curiosidade, mas cada vez me convenço mais que cada livro tem o seu timing e que por vezes o que fazemos melhor é respeitá-lo.

Memórias de um Mestre Falsário é um romance que se devora. Mal se lê, devora-se. Graham Joyce brinda-nos com uma linguagem simples, mas cuidada. Desde a forma da narrativa, na primeira pessoa, à caracterização das personagens, ao leque de personagens tão diferentes umas das outras e ainda aos cenários mais imprevisíveis, esta leitura tornou-se um autêntico vício.
A personagem principal, William Heaney, é daquelas personagens que é impossível não gostar, impossível não associar a este ou àquele amigo e sorrir com um carinho enorme. E ao longo do livro, sendo ele o narrador, quase que nos sentimos na sua pele, a sentir o que ele sente.
A diversidade de carácteres das personagens e as suas relações, é também um ponto bastante positivo.

Nesta narrativa, vamos acompanhando a vida actual de William Heaney, algumas passagens da sua juventude que justificam alguns factos actuais e ainda vamos conhecendo personagens marcantes que nos fazem rir, por vezes quase chorar, mas acima de tudo é impossível ficar indiferente a esta história. Gostei em particular da forma como o passado dele se resolveu. Surpreendeu-me um pouco, mas gostei.

William Heaney é um benfeitor. Quase tudo o que ganha vai para um grupo de reabilitação social chamado GoPoint que é gerido por Antonia – a pessoa mais incrível, bondosa e irradiante que William alguma vez conheceu. Para além disto, William tem três filhos, ex-mulher que casou com um cozinheiro famoso e dois amigos – Jaz e Stinx – cujas intervenções na vida de William vamos conhecendo.
E quando o grande negócio – a falsificação de uma primeira edição de Jane Austen – está quase a ter tudo acertado, Stinx – responsável pela falsificação – tem uma crise de álcool e drogas atrasando assim todo o negócio. Ora, toda a parte do dinheiro do negócio que ia para William, era para ser dado a Antonia para manter o GoPoint aberto. Sem ele, o que acontecerá?
Mas falta aqui o ponto de ligação entre todas estas histórias – os Demónios. Pois é, William vê os demónios das pessoas. Mas afinal o que são esses demónios? Nem toda a gente os consegue ver, mas ele consegue. E teme-os, até compreendê-los.
Quero ainda realçar o desfecho da história amorosa deste romance. Não foi aquele que fui imaginando até grande parte do livro, foi bastante melhor e bastante mais positivo.

Um livro que tenho a certeza que vale a pena ler. Seja por quem for, de que idade for. É daqueles livros que, no final da leitura sentimos que contribuiu com algo para nós. Que ficou algo e que por muitos livros que passem pelas nossas mãos, haverá sempre na memória um espaço para recordar esta história. Graham Joyce tornou-se, para mim, um autor a seguir e de quem quero ler mais livros.

Uma última nota positiva para a revisão e formatação.

Para quem tenha ficado curioso, está a decorrer um passatempo para ganhar este livro. Participem e tenham o prazer de usufruir desta maravilhosa leitura.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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