A Conspiração dos Antepassados
David Soares
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas: 400
Sinopse: Na tradição dos melhores thrillers, David Soares convida-nos a espreitar debaixo do véu e a vislumbrar a mais assustadora conspiração da História: um livro assinado por Francisco d’Ollanda, o maior artista português do Renascimento, é cobiçado por uma seita disposta a tudo para o obter. Que terrível segredo terá nas suas páginas para justificar tanto sangue?
Fernando Pessoa, o ilustre poeta português, é convidado por Aleister Crowley, o mágico inglês, a entrar numa aventura cheia de mistério, acção e suspense para descobrir esse segredo que, afinal, talvez tenha a ver com D. Sebastião, e a verdadeira razão porque os portugueses foram derrotados em Alcácer-Quibir.
Do exotismo da Tunísia às ruelas húmidas de Londres, das mandíbulas da Boca do Inferno ao coração da Quinta da Regaleira, A Conspiração dos Antepassados é uma viagem inesquecível. Misturando verdade, lenda e magia, David Soares apresenta-nos algo nunca visto na literatura portuguesa: um romance cuja meticulosa pesquisa vai agradar aos estudiosos de Fernando Pessoa, e cuja energia e emoção vai encantar os fãs de uma grande aventura.
Opinião: David Soares traz-nos neste romance uma perspectiva fundamentada por um estóico trabalho de investigação, ainda que com um toque subjectivo e pessoal, sobre a vida de duas personalidades e personagens que marcaram o século vinte: Fernando Pessoa e Aleister Crowley (diz-se cráuli!), fabricando no caldeirão da palavra um livro que se sabe envolver e desenvolver e que nos sabe entreter, pelo seu ritmo, pelos pormenores deliciosos e pela qualidade da escrita e da narrativa, na qual são misturados elementos mágicos, mitologia de vária índole (sempre com o Quinto-Império como ponto comum), lenda e factos históricos.
Deixando de parte o Prólogo, que dá o mote para o desenvolvimento e que só é compreendido numa fase avançada, nos dois primeiros capítulos o autor caracteriza primeiro Pessoa e depois Crowley, respectivamente. Entre fetiches macabros, onanismo, traumas maternais, rituais mágicos bastante anais, coprofagia e abusos físicos e psicológicos, somos levados numa viagem sensorial bastante intensa. Com uma escrita rica, diversificada e bastante descritiva (crua e sem eufemismos), são-nos mostradas as motivações e o íntimo de cada protagonista.
A partir do terceiro capítulo o livro embala definitivamente, ganhando um novo andamento com o encontro entre Pessoa e Crowley e o desenvolvimento da trama, que se baseia em interesses comuns entre os dois protagonistas e que tem a sua génese num… Horóscopo.
A narrativa é bastante fluida, o conteúdo histórico é relevante e interessante (e aplicado em doses q.b.) e, no geral, o livro tem um ritmo bom, embora por vezes demasiado constante, que, no entanto, é compensado pelos vários one liners geniais, de um humor negro subtil e inteligente.
No geral, uma boa mensagem, da qual podemos desconfiar um pouco ao início, mas que nos compensa (e muito) com o virar de cada página. 8.5/10 (RS)
Adoro a escrita de David Soares!
Este está na wislist. Depois ler o Evagelho do Enforcado apaixonei-me peloo estilo de Soares!