O Evangelho do Enforcado
David Soares
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas:368
Sinopse: Nuno Gonçalves, nascido com um dom quase sobrenatural para a pintura, desvia-se dos ensinamentos do mestre flamengo Jan Van Eyck quando perigosas obsessões tomam conta de si. Ao mesmo tempo, na sequência de uma cruzada falhada contra a cidade de Tânger, o Infante D. Henrique deixa para trás o seu irmão D. Fernando, um acto polémico que dividirá a nobreza e inspirará o regente D. Pedro a conceber uma obra única. E que melhor artista para a pintar que Nuno Gonçalves, estrela emergente no círculo artístico da corte? Mas o pintor louco tem outras intenções, e o quadro que sairá das suas mãos manchadas de sangue irá mudar o futuro de Portugal. Entretecendo História e fantasia, O Evangelho do Enforcado é um romance fantástico sobre a mais enigmática obra de arte portuguesa: os Painéis de São Vicente. É, também, um retrato pungente da cobiça pelo poder e da vida em Lisboa no final da Idade Média. Pleno de descrições vívidas como pinturas, torna-se numa viagem poderosa ao luminoso mundo da arte e aos tenebrosos abismos da alienação, servida por uma riquíssima galeria de personagens.
Opinião: David Soares sabe sobre o que escrever, que momentos abordar, sabe criar história, imaginar personagens e acima de tudo fortalecê-las e fazer-nos acreditar nelas, apoiando-se na sua pesquisa.
Seguindo praticamente a mesma estrutura de Conspiração dos Antepassados (com divisão temporal e também espacial), é-nos apresentado um romance que narra a história de um consistentemente macabro Nuno Gonçalves, que se torna um enorme pintor e também um assassino, fruto da partilha involuntária do seu ser com o Geronte, uma criatura com poderes sobrenaturais em avançado estado de decomposição, que só presta contas aos Decanos, seres ainda mais poderosos. Não fosse isto suficientemente fascinante, é introduzida ainda a parte necessária e suficiente da Ínclita Geração.
Nuno cresce com a crença de que está destinado a grandes feitos. Com a morte da mãe muda-se com o pai para Lisboa, onde descobre, enfim, como se tornar pintor e explorar o seu potencial (ou pelo menos o do seu lado humano). Estuda e melhora até se tornar no pintor da cidade, momento em que lhe são encomendados pelo regente D. Pedro uns certos painéis… Contudo, os nobres não apreciam o resultado final: D. Pedro cai em desgraça e Nuno é preso, sendo libertado 5 anos mais tarde (por ocasião da morte de D. Pedro) e promovido a pintor régio de D. Afonso V.
Teoricamente poderíamos pensar que é mais complicado a David Soares criar estas personagens, visto que o seu legado físico é mais curto (por comparação com a obra de Pessoa e Crowley, por exemplo), no entanto isso também lhe dá maior liberdade e, na minha opinião, permitiu-lhe criar personagens mais sólidas e inteligíveis, sobressaindo Henrique e Nuno, pelo seu carácter marginal.
No geral é um excelente livro (que podia ter tido um trabalho de revisão mais apurado, para eliminar os residuais, mas embaraçosos, erros que apresenta, p.e., poder =/= puder), com várias histórias laterais e curiosidades engraçadas, bem escrito e com vocabulário diversificado, que acaba apenas por pecar pela não existência de um clímax pronunciado: mais uma vez, a leitura é intensa, mas a acção torna-se demasiado constante (com alguns picos ao longo do texto, é certo). (Classificação – 8.5/10 por RS)
Nunca li nada deste autor, mas as óptimas críticas a ele, fizeram-me comprar este livro na Feira do Livro de Lisboa, tendo o brinde de estar autografado pelo próprio David Soares, e com um desenho bastante alusivo ao seu estilo e obra.
Gostei de ler a tua crítica por ser um pouco mais realista que as que li até agora, uma vez que abordas os pontos fortes e menos positivos (como é o caso da revisão que, para mim, também é uma das coisas que dificilmente me passam despercebidas numa leitura).
Se tivesses de eleger uma obra de David Soares (de todas as que já leste), qual aconselharias a ler primeiro?
Beijinho 😉
Os livros são bastante iguais em termos de estilo, é tudo uma questão de preferência em relação às personagens que cada um aborda. Dessa forma, será mais "fácil" ler este, mas a minha preferência recai sobre a Conspiração dos Antepassados.
Eu adorei este livro! No princípio causou uma certa estranheza mas depois, foi um deleite lê-lo. Vai concerteza figurar na minha lista dos melhores livros de este ano.
Bjinhos Sofia*
Este livro está na minha lista de próximas aquisições.Tenho curiosidade depois de ler as críticas.
Parece ser um livro fascinante!! Vai de certeza para a minha lista de livros a comprar!