Entrevista a Pedro Pereira, Autor Português

Sobre ti:

Sempre fui uma pessoa muito criativa e com uma imaginação muito fértil. Não é a primeira vez que, em tom de brincadeira, alguns amigos me perguntam o que eu tomo pela manhã, quando são confrontados com algumas das minhas ideias, sejam elas para narrativas de romances ou jogos de vídeo, a minha outra paixão.

A escrita fez parte da minha vida desde muito cedo, bem como o hábito de criar histórias mirabolantes. Lembro-me perfeitamente que, quando era ainda uma criança, arranjava sempre as histórias mais extraordinárias para as minhas brincadeiras, e foi apenas uma questão de tempo até começar a transportar essas histórias para o papel.

Curiosamente, apesar de adorar escrever e de ter começado desde muito cedo a dar asas à minha imaginação, principalmente em pequenas histórias de uma ou duas páginas, repletas de muitos desenhos à mistura, a leitura nunca me tinha fascinado.

Durante muitos anos escrevi volumes e volumes de histórias, todas elas com o seu quê de fantástico, sempre ao estilo de banda desenhada.

Foi por volta dos meus 13 anos que tudo mudou, pois aquela aversão que eu tinha à leitura, acabou por se tornar numa paixão. Isto aconteceu quando li o meu primeiro livro de literatura fantástica: Harry Potter e a Pedra Filosofal. Até então, e apesar de todas as minhas pequenas histórias comportarem esse género, a verdade é que não conhecia nenhuma obra daquele estilo literário.

Desde então, tornei-me fã do género fantástico, e quanto mais lia, mais viciado ficava. Devo confessar que a possibilidade de viajar para outros mundos com o simples virar de uma página é algo que ainda me fascina.

A descoberta deste estilo foi fundamental para a passagem de bandas desenhadas (para as quais nunca tive muito jeito, visto que sou péssimo no que toca a desenho) a textos narrativos, tal como os que tinha começado a ler.

Actualmente, não há dia que passe sem que eu tente ler ou escrever um pouco antes de me deitar, nem que sejam apenas duas páginas.

Foi também esta minha ânsia pela criatividade e fascínio pelo imaginário que me levou ao curso que actualmente frequento. Nas apresentações que faço, principalmente em escolas, é hábito frequente questionarem-se como é que alguém que gosta tanto de ler e escrever, acaba inscrito no curso de Engenharia Informática, ao invés de ponderar a entrada num curso relacionado com as letras. A isto eu costumo responder com o desenvolvimento de jogos de vídeo: se na escrita consigo imaginar e criar novos mundos e novas personagens, os jogos permitem-me dar vida a estes mundos e a estas personagens complementando, assim, a escrita.

Para além do meu trabalho como escritor, encontro-me actualmente a terminar o Mestrado em Redes e Multimédia, bem como a tirar uma formação no Game Institute. Para além disso, ainda estou envolvido num projecto que, se tudo correr bem, irá permitir a criação de uma nova empresa de jogos.

Estilo e Ritmo de Escrita:

Eu sou daquele tipo de autores que gosta de ter tudo muito bem esquematizado, com todos os pormenores anotados antes de começar a escrever um novo livro. Uso este esquema de trabalho há já algum tempo, e tem-me servido bastante bem. Tenho um pequeno caderno onde costumo anotar quase tudo o que acaba por aparecer depois na obra propriamente dita: descrições de personagens, localizações, tópicos sobre o que acontece em cada capítulo, etc.

Outra das minhas preocupações enquanto estou a escrever, principalmente com a saga Apocalipse que, de certa forma, se passa no nosso mundo mas num futuro próximo, é tentar procurar factos para dar sustentabilidade a este mundo fantástico, sejam referências à mitologia, História, ou até mesmo passagens bíblicas.

Quando finalmente me preparo para escrever, tento que a minha escrita seja ágil e movimentada. É muito raro encontrar “tempos mortos” num texto meu, prefiro que esteja sempre a acontecer alguma coisa. Isto permite-me dar um ritmo frenético à obra, o que eu aprecio bastante como leitor e é um dos principais factores que contribuem para me “prender” a um livro.

Para além disto, tento sempre que o enredo seja o mais envolvente e emocionante possível, tentando criar uma história inovadora e criativa e, se possível, com um final inesperado que surpreenda o leitor.

Basicamente, acima de tudo, tento escrever algo que me agradasse a mim próprio como leitor.

Influências:

J. K. Rowling e a sua saga de Harry Potter foram, sem dúvida, uma grande influência, mais do que não seja, porque me deram a conhecer este género literário. Contudo, hoje em dia penso que as maiores influências no meu trabalho serão Anne Bishop, criadora da trilogia das Joias Negras, e o falecido escritor Robert Jordan, autor da saga Roda do Tempo. Fora do género fantástico, a maior influência talvez seja Dan Brown, dado o ritmo frenético que consegue colocar em cada obra que escreve.

O que te levou a escrever dentro do género do fantástico?

Desde miúdo que sempre fui uma pessoa muito imaginativa e com uma grande necessidade de expressar a minha criatividade. Tendo isto em conta, o género fantástico “assentou-me como uma luva”, visto que me permitiu explorar livremente a minha imaginação sem estar preso à realidade, possibilitando-me a criação de mundos completamente novos e criaturas imaginárias.

Sinceramente, não me vejo a escrever outro género que não seja o fantástico. Penso que a possibilidade que este género nos oferece, de nos abstrairmos completamente do mundo em que vivemos e, por breves momentos, entrarmos num universo totalmente novo, é algo que nunca vai deixar de me cativar.

Sei que é difícil para os autores portugueses, vingarem no mercado nacional… Foi difícil publicar?

A minha experiência pessoal diz-me que se torna bastante complicado publicar em Portugal, principalmente quando estamos a falar do nosso primeiro trabalho. É complicado suscitar o interesse das grandes editoras, visto que somos completamente desconhecidos. É preciso muita sorte e é necessário que o nosso trabalho impressione bastante quem o está a avaliar.

Como tal, acabam por ser as pequenas editoras que apostam mais nos novos autores, servindo de rampa de lançamento para estes. Infelizmente, muitas destas pequenas editoras requerem que o autor entre com algum capital para financiar a publicação da obra, o que de certa forma também dificulta a vida a quem não tem essas possibilidades e tem obra com qualidade para ser publicada.

Para dar um exemplo, eu demorei cerca de três anos para publicar o primeiro livro da saga Apocalipse, que escrevi quando tinha dezoito anos. Contudo, devo confessar que este enorme tempo de espera se deveu, também, a muita inexperiência da minha parte: após enviar o manuscrito a uma editora, permanecia três ou mais meses à espera de uma resposta, e só depois enviava a outra editora. Felizmente acabou por surgir uma resposta positiva e o livro foi publicado.

O conselho que posso dar a quem está a iniciar esta caminhada é ter muita paciência, não desistir, ler muito e, como é óbvio, não cometer o erro que eu cometi, de ficar meses à espera do feedback da editora antes de tentar uma outra. O ideal é que o trabalho seja enviado a várias editoras simultaneamente.

Tens recebido feedback dos teus leitores?

Sim, bastante, e é sem dúvida uma das coisas mais importantes para mim. Falar com os meus leitores permite-me perceber aquilo de que eles gostaram no meu trabalho, bem como o que tenho de melhorar.

Normalmente, este feedback é-me dado através de email ou pelo facebook, mas também já tive surpresas muito agradáveis, nomeadamente em relação às apresentações do segundo livro da saga, em que os alunos de uma escola onde realizei uma apresentação já conheciam o meu trabalho.

Tudo isto se torna principalmente gratificante quando alguns leitores ficam tão envolvidos no mundo de Apocalipse, que chegam mesmo a enviar emails com sugestões para os próximos capítulos da saga.

Quais os teus projectos futuros?

Para já, estou completamente concentrado na saga Apocalipse, que será constituída por cinco volumes. Neste momento, encontro-me a trabalhar no terceiro, pelo que ainda tenho muito trabalho pela frente.

No entanto, já tenho algumas ideias para outros projectos, mas prefiro deixá-las amadurecer e terminar a saga Apocalipse primeiro. Não sei se seria capaz de manter vários projectos em simultâneo, todos eles com qualidade aceitável, mais que não seja, porque quando começo um novo trabalho, tento sempre que este seja melhor que o anterior.

Puxando a asa à minha sardinha, o que achas do blog Morrighan?

Antes de mais, queria felicitar-te pelo excelente trabalho que tens feito no blog Morrighan. Este tipo de iniciativas são sempre óptimas para dar a conhecer novas obras e novos autores aos leitores. Fico ainda mais contente quando se dá uma enfâse especial ao fantástico e aos autores nacionais, como é o caso.

É através de iniciativas como o blog Morrighan que muitos autores saem do desconhecido e conseguem aproximar-se dos leitores. Sinceramente, espero que o trabalho desenvolvido neste blog continue por largos anos.

Os livros de Pedro Pereira lançados até ao momento:

Sinopse de “Apocalipse – Os Escolhidos”:

“Tinham-se passado talvez mais de duzentos anos desde que Samuel R. Hawkins escrevera a sua famosa carta ao filho, encarregando-o de procurar os Escolhidos. Desde então, a carta passara de geração em geração, juntamente com a missão a que esta se referia. Com o passar do tempo, a carta escrita por volta do ano de 2050 acabou por chegar às mãos de Roger. De quarenta e sete anos, tratava-se de um homem inteligente e culto, e procurava os Escolhidos há já duas décadas.”

Num futuro próximo, o mundo será habitado por demónios que serão libertados na Terra. Sendo incapaz de combater os seres demoníacos, a humanidade viu-se obrigada a começar a viver em bunkers, uma vez que as suas vilas e cidades eram constantemente arrasadas por demónios e as populações brutalmente chacinadas. É neste cenário apocalíptico – uma civilização humana quase destruída e um clima de terror – que se desenrola a acção. Roger Hawkins, um estudioso inglês de quarenta e sete anos, tem como missão encontrar os quatro Escolhidos, os únicos capazes de salvar a humanidade da morte certa e livrar o mundo dos demónios.

Sinopse de “Apocalipse – O Despertar”:

“O mal que se quer esconder acaba por ser o maior.”

Após a derrota de Lúcifer, Roger Hawkins e os quatro Escolhidos continuam a sua luta contra as restantes forças de demónios, agora desorganizadas e sem líder. Contudo, Timothy prepara-se para libertar um grupo de poderosos e antigos demónios, que ameaçam colocar a civilização humana em risco, ao mesmo tempo que continua a sua demanda para ganhar poder e libertar Lúcifer…

 

 

 

 

 

 

 

 

Site do autor:www.pedro-pereira.com

 

Obrigada Pedro pela tua disponibilidade. Foi um prazer entrevistar-te.

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  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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