Perraultimato
Filipe Faria
Editora: Editorial Presença
Colecção: Felizes Viveram Uma Vez #1
Sinopse: As estórias são conhecidas de todos: sapatinhos de cristal, maçãs envenenadas, príncipes encantados e lobos maus; e todos sabem que, no fim, os que mereciam viveram felizes para sempre. Então porque é que isso não aconteceu? Para responder a esta pergunta, Borralheiro, acompanhado por quatro outras figuras do imaginário popular europeu — a imprevisível Capuchinho, o misterioso Aprendiz, a atormentada Vasilisa e o perigoso Burra —, embarca numa inesquecível aventura em O Perraultimato, o primeiro volume da distopia folclórica Felizes Viveram Uma Vez.
Opinião: Perraultimato é o oitavo livro lançado pelo autor Filipe Faria e o primeiro de uma nova série Felizes Viveram Uma Vez. Num registo novo e original, o autor traz até nós as belas estórias do ‘e viveram felizes para sempre’ convertidas em algo mais sombrio e complexo em que o caos impera e em que a felicidade é algo muito raro ou até mesmo inexistente.
Foi, sem dúvida alguma, uma autêntica surpresa esta nova obra de Filipe Faria. Depois da leitura dos sete livros das Crónicas de Allaryia, não sabia bem o que esperar e foi com uma curiosidade bastante aguçada que comecei a leitura de Perraultimato. Depressa surgiu o entusiasmo e foi impossível não ficar presa à teia que o autor criou à volta das suas personagens e do seu enredo. É preciso bastante imaginação para criar algo deste género e o toque negro/sangrento que o autor incutiu no seu todo torna a obra única.
Das cinco personagens principais tenho que nomear desde já, como minhas preferidas, a Capuchinho e o Mama-na-Burra (o Burra da sinopse). A primeira pela sua personalidade altamente rebelde, sedutora e irreverente. A sua história está bem distorcida da tradicional, mas muito original. E bem, o segundo, porque sejamos sinceros, uma personagem com o nome Mama-na-Burra acaba por ter piada logo à partida. Principalmente por ter uma relação literal com a sua infância. Para além disso, a sua personalidade e postura perante o que lhe vai surgindo são sempre notáveis. Tenho que dar os meus parabéns ao autor pela originalidade.
Outro aspecto que quero realçar, e porque uma obra é sempre composta não só pelo texto mas também pela sua ‘cara’, é a capa. Achei-a super original e, sendo o início de uma nova saga do autor com carácter próprio através da criação da colecção Felizes Viveram Uma Vez da Presença, penso que veio produzir um novo impacto, refrescante, estabelecendo uma ponte entre este mundo e o de Allaryia. As ilustrações ao longo do livro, descritivas em relação ao que se passa no momento, dão um toque muito próprio e ajudam a puxar pela imaginação do leitor.
Também a escrita do Filipe Faria se mostrou diferente nesta obra. Estava habituada ao seu registo bastante descritivo, praticamente ao pormenor, e em Perraultimato o autor acaba por conseguir um registo mais descontraído, imensamente cinematográfico, dando sempre um bom ritmo à acção o que culmina numa leitura um tanto quanto compulsiva por parte do leitor. Gostei Muito e fico à espera, com alguma ansiedade, do rumo que o autor vai dar à estória.
Há medida que começam a sair mais opiniões parece que a Capuchinho se está a tornar uma personagem muito popular.