Revolução Paraíso
Paulo M. Morais
Editora: Porto Editora
Sinopse: Enquanto nas ruas se decide o futuro de um país, na tipografia de Adamantino Teopisto vive-se um misto de enredo queirosiano, suspense de um policial e ternura de uma novela: com sabotagens, amores proibidos e cabeças a prémio; tudo num ambiente de revolução apaixonado. O rebuliço generalizado tem repercussões no alinhamento do jornal e no dia a dia das gentes de São Paulo e do Cais do Sodré. A revolução é o tópico das conversas nas tascas, nas ruas, no prédio da Gazela Atlântica, contribuindo para o exacerbar das tensões latentes entre o patrão Adamantino e os funcionários. A vivacidade de uma estagiária, as manigâncias de um ex-PIDE foragido, os comentários de um taberneiro e as intromissões de um proxeneta e de uma prostituta agravam ainda mais a desordem ameaçadora que paira no ar. Nada foi igual na vida dos portugueses após a Revolução dos Cravos. Nada foi igual na vida da “família” Gazela Atlântica após o 25 de Abril.
Opinião: Revolução Paraíso é o primeiro grande romance escrito por Paulo M. Morais. Quando me foi dada a oportunidade de leitura desta obra, tive que aceitar. Um romance que mistura conceitos queirosianos, uma revolução marcante da nossa história e ainda todo o conceito de liberdade de expressão através de um jornal no mínimo insólito, só poderia ser no mínimo interessante. E assim foi.
Retratando de forma bastante genuína e cuidada a época logo após o 25 de Abril, o autor construiu personagens para todos os gostos. Desde a Pandora revolucionária, ao rabugento Adamantino, ao recatado e pouco seguro de si Adão. Apesar de estas serem as que mais acabaram por marcar a minha leitura, não posso deixar de mencionar a Eva do Paraíso que Paulo M. Morais acabou por usar para transmitir os vários devaneios políticos das altas patentes da altura.
Para além de ser um romance com todas as características presentes na sinopse, em Revolução Paraíso revisitamos os vários Chefes de Estado que foram passando nos primeiros tempos pós-revolução e ainda o factos mais importantes dessa altura. A linguagem do autor é concordante com a época retratada e nota-se que houve uma boa preparação a nível de pesquisa e de fieldade dos acontecimentos retratados.
Confesso que este tipo de romances não costuma ser de todo o meu género de eleição. Por norma aborreço-me facilmente com o excesso de História com que por vezes os autores carregam as suas obras, mas confesso que em Revolução Paraíso Paulo M. Morais teve a mestria de com o seu enredo multifacetado tornar estar leitura agradável. Um autor que não conhecia, mas que vou querer acompanhar no futuro.