Como já devem saber, este ano não há Feiro do Livro do Porto para ninguém. Como tal, e numa iniciativa notável, um conjuntos de escritores irá estar pela Praça da Liberdade nos dias assinalados convidando os seus leitores a juntarem-se-lhes, lendo manifestos e outros textos relacionados. Muitos já estão a ser publicados e eu achei, enquanto leitora, cidadã portuguesa e amante do meu país e da cidade do Porto, que devia dar o meu contributo.
Não é uma pele sob a qual me sinta confortável, esta de escrever textos e ainda publicá-los. Mas não quis ficar calada, tal como sei que a cidade do Porto não ficará.
O meu contributo é este https://branmorrighan.com/2013/06/o-porto-tem-uma-voz-que-jamais-sera.html :
O Porto tem uma voz que jamais será calada
Quem visita o Porto não lhe consegue ficar indiferente. É impossível. Quem sai em Campanhã ou no aeroporto de Sá Carneiro fica com o destino marcado. Passeiam pelas ruas da cidade, descendo São Bento e parando numa esplanada da ribeirinha para um café, uma imperial ou apenas se deslumbrar com a vista e espreitar para o outro lado do rio. Mas falta-lhes algo, um pedaço de cultura que nem o guia turístico lhes conseguiu proporcionar. E lembram-se, estamos na altura da Feira do Livro do Porto. Voltam a subir, passam pelos Clérigos e continuam na sua demanda até à Avenida dos Aliados. Apenas… Mas o que é que se passa? Onde estão todas as bancas editoriais? O movimento frenético que anima a cidade, que dinamiza o comércio e tira de casa centenas de pessoas para pelo menos uma vez no ano poderem respirar cultura?
É isto que não pode acontecer. O Porto mais do que os seus monumentos, o seu estádio de futebol e a personalidade da sua gente tem de ser lembrado como uma cidade em que a Literatura tem um lugar de honra! Todos gritam! A música quer ser recordada através dos livros! O desporto quer os seus eventos mais marcantes registados para a prosperidade! Os escritores querem as suas obras a chamarem os leitores e estes querem poder viajar para outros mundos através de todas essas páginas.
Basta de mediocridade e de empobrecimento de mentes! O Porto é uma cidade que, no seu tão frequente ambiente plúmbeo e fascinante, merece ser recordada por toda a diversidade cultural. Uma das maiores editoras do país tem sede no Porto e nem assim a cidade lhe faz jus? Mas não é por vontade da própria cidade, mas sim de quem a aprisionou nesta rede de ignorância!
Pois nós, habitantes do Porto ou meros visitantes ocasionais, não nos calaremos! Continuaremos a vociferar, mesmo para ouvidos moucos, que queremos um Porto à medida da sua grandeza! Um Porto Cultural, um Porto onde a Literatura possa vingar e prosperar! Lisboa não pode continuar a ser o centro de todos os eventos de maior calibre no nosso país. Que tem Lisboa a mais que o Porto? Só se for habitantes!
Não se calem! Não esmoreçam! Insistam, Persistam! A Feira do Livro tem que voltar ao Porto. Pelos leitores, pelos escritores, pelas editoras, mas acima de tudo pela própria cidade! O Porto tem uma voz que jamais será calada.