A prática pagã baseia as suas festividades não só na roda sabática do ano, mas também nas 13 luas cheias que decorrem ao longo do ano. As festividades lunares eram denominadas por Esbates, vindo do francês “s’esbatre“, que significa gozar, ter prazer, festejar. Não obstante a faceta lúbrica destas festividades, importa denotar que as luas cheias eram denominadas de acordo com cada mês e as suas características. Seria com plena consciência do meio ambiente circundante e da rotação dos astros e estrelas no céu, bem como das mudanças que a Natureza impõe sobre a Terra, que estes rituais eram celebrados. A Lua é a hipótese da Grande Deusa, de Ceres, a Mãe que nutre e fortalece os campos e nos acompanha ao longo do ano.
Janeiro – A Lua do Lobo
Com a neve profunda do Inverno, as matilhas uivavam famintas perto das aldeias, razão pela qual a Lua Cheia de Janeiro ficou conhecida por este nome. Era também conhecida por Lua Depois de Yule. Enquanto decorrem ainda as Saturnalhas, não podemos deixar de associar estes lobos à horda furiosa que acompanha o Senhor Negro nas suas caçadas Selvagens.
Fevereiro – A Lua da Neve
Geralmente a neve mais pesada caía em Fevereiro e daí o seu nome, mas era igualmente referida pelo epíteto “Lua Cheia da Fome”. A neve é mnemónica da primeira festa da luz do ano pagão, Imbolg/Imbolc.
Março – A Lua do Corvo
O gralhar dos corvos anunciava a partida do Inverno que se anunciava pelo começo do degelo, razão pela qual era também intitulada de Lua Cheia da Crosta, pois a neve descongelava de dia e voltava a formar uma crosta cristalina durante a noite. Celebra-se a chegada da Primavera no seu Equinócio, Ostara.
Abril – A Lua Rosa
Esta Lua Cheia deve o seu nome ao Musgo Cor-de-Rosa, uma das primeiras flores a desabrochar no início da Primavera, mas a lua de Abril era conhecida como Lua da Rã ou Lua do Plantador.
Maio – A Lua da Florada
Porque Maio é o mês que se inicia com Beltane e porque as flores atingem o seu máximo fulgor, cor e perfume nesta altura do ano, esta Lua Cheia é assim conhecida ou como Lua Cheia da Flor.
Junho – A Lua da Rosa
Designada por Lua dos Morangos, devido a ser a época em que se colhem estes procurados frutos, na Europa ela é conhecida como a Lua da Rosa uma vez que as roseiras atingem o seu máximo esplendor neste mês do ano. Celebra-se Litha, o Solstício de Verão.
Julho – A Lua do Trovão
Julho traz calor e trovoada, aguaceiros e calor, sendo um dos meses que mais variações climatéricas tem. Contudo, esta Lua Cheia é também apelidada de Luz de Sangue ou de Lua do Corço, devido aos tiros sacrificiais que acontecem nesta fase do ano.
Agosto – A Lua Vermelha
No pico das colheitas, a Lua Cheia aparece no firmamento com tons avermelhados, reflectindo a luz indomável do sol de Agosto. Relembra-nos o rito sacrificial do Deus Carvalho em Lughnasadh, quando se entrega às chamas para dar trono ao Rei Azevinho.
Setembro – A Lua da Colheita
Em mês de debulhar o milho e de início de vindimas este é o nome mais apropriada à Lua Cheia de Setembro. Celebra-se Mabon e tudo o que a terra nos deu de melhor: grão e uva, pão e vinho.
Outubro – A Lua da Caçada
Sendo o período do auge das colheitas e uma vez que a luz do sol se mantinha até tarde, começavam as caçadas nos bosques. No último dia do mês celebra-se o Samhain, o início de um ano pagão, anunciando a Caçada Selvagem do Senhor do Inverno.
Novembro – A Lua do Porco
Era neste mês do ano que se matavam os porcos e começava a aprovisionar o fumeiro como forma de assegurar subsistência no Inverno.
Dezembro – A Lua Gelada
Também conhecida como Lua da Noite Longa, está intimamente ligada ao Solstício de Inverno, a noite mais longa de todo o ano. Por se tratar do renascimento do Rei Carvalho e a partida do Rei Azevinho, celebradas em Yule, a Lua Cheia era também conhecida como Lua do Carvalho.
Melusine de Mattos
Mandrágora – O Almanaque Pagão 2009: Usos e Costumes Mágicos da Lusitânia