Escritos Aleatórios #12

“É toda uma cornucópia de sentimentos, esta que me assalta. São pensamento e emoções que não ouso sequer tentar expressar. Por vezes penso que isto não é normal, esta contradição que vive em mim e que me pressiona a tomar uma decisão que não quero tomar. A resposta parece-me óbvia, o caminho claro, porém não consigo deixar de colocar em hipótese a alternativa. A culpa é toda tua. Talvez um pouco minha, também. Essencialmente tua. Seduziste-me com toda essa tua aura misteriosa, levaste-me a crer que era seguro aproximar-me de ti e agora sou eu quem se vê nesta encruzilhada. Como consegues encarar tudo com tanta naturalidade é algo que será sempre um mistério para mim. Achas que não quero dar o salto para o desconhecido? Abandonar todos os conceitos predefinidos e previsibilidades da minha vida? Quem é que não anseia por uma aventura dessas, rumo às experiências nunca vividas, à descoberta do que se pode fazer e do que se é capaz quando nos libertamos de todas as grilhetas da sociedade e apenas nos dedicamos a outrem? No entanto, nada é assim tão simples. Se eu desse esse salto, se eu mergulhasse nas profundezas do teu ser e te abrisse caminho ao meu, provavelmente abriria ao mesmo tempo um foço em mim. Porque depois de te saborear, nada voltaria a ser o mesmo. Apenas… sei que não vês as coisas desta maneira. Como posso arriscar tudo por algo que me parece tão condenado desde o início, não obstante as promessas de algo inédito e intenso? Fosse a vida feita de concretização de desejos, sem repercussões em nós, e talvez nem pensasse duas vezes, mas não é. E aqui estou eu, a dar voltas e voltas na cama, a saber que me devia escolher a mim, ao meu eu e ao meu bem estar a longo prazo e ainda assim não consigo. Desejo-te tanto que dói.”

Morrighan

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10 anos atrás

Por vezes conseguimos criar essas paixões de horizontes, em que tudo o que vemos é aquilo que desejamos que o sol nos mostre à nossa frente…Mas, quando caminhamos, percebemos que o que vimos foi apenas uma pequena ilusão de óptica, o fim que desejamos alcançar nunca realmente existiu.

hihihi, gostei do teu texto… Isso começa a ser proibido, dizer que gostei dele… Isso é óbvio, de todos os que já li até agora ^^

Paulo Renato
Paulo Renato
10 anos atrás

Procurar que o outro nos complete é sempre um caminho apontado à dor, apenas mergulhando dentro de nós descobriremos que tudo aquilo que julgavamos faltar já somos, todo esse amor somos nós. Com essa clareza mudamos de paradigma e em vez de procurar receber procuramos partilhar o nosso amor e como tudo muda.

http://paulorenatoconsultor.blogspot.pt

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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