Escritos Aleatórios #23

“A vida. Essa fonte de inspiração e essa espiral de emoções que é acordar a cada dia e depararmo-nos com novos desafios, com novos objectivos. O meu objectivo para hoje é sofrer um pouco menos que ontem e certamente mais do que amanhã. É conseguir levantar-me, sorrir, desempenhar as tarefas que tiver a desempenhar e sentir-me minimamente bem com isso e comigo mesma. Garanto, não vai ser fácil, nada fácil…

Sinto aquele aperto na boca do estômago, em que a sensação de sufoco se alastra até à garganta e em que no lugar do coração parece estar um punho cerrado a espremer até não restar nada, até não sentir nada.

Quem é que nunca se sentiu devastado pela dor, pela desilusão, pela perda? Certamente se alguém consegue responder ‘eu’ então é porque também não sabe o significado da verdadeira felicidade nem consegue dar valor às pequenas dádivas da vida. Pena que muitas vezes só consigamos esse prodígio depois já termos sido completamente chacinados emocionalmente.

Desvalorizamos tantas vezes os sentimentos uns dos outros, dando-os como certos, que chega a ser desprezível a forma como tantas vezes as pessoas se descartam umas às outras. Mais tarde, quando se vêem sozinhas, partem à procura de mais relações superficiais que possam colmatar as necessidades fúteis do ego. Acho incrível a forma como existe quem consiga percorrer caminhos inteiros aos tropeções, a roubar uma emoção aqui e outra ali sem serem capazes de se confrontarem com os seus próprios eus. Vivem uma vida de mentiras, de vazios disfarçados de euforias constantes.

Perdi alguém que amava, que amo. Por mais tempo que passe, por muito que aconteça na minha vida diariamente, não há dia em que por momentos não sinta aquele murro no estômago, aquelas lágrimas a quererem brotar, o latejar da cabeça e a sensação de cansaço infinito de uma alma despedaçada. Todos os dias me pergunto o que podia ter feito de diferente, o que podia ter feito para conseguir que tal não acontecesse. Mas não podia ter feito nada. Amei incondicionalmente como nunca tinha amado, porém, neste momento, só me pergunto como me poderei erguer das cinzas sem me tornar nesses zombies ocos que tanto povoam a nossa sociedade.

Mas como é que se aprende a amar novamente depois de se ter dado tanto? Como é que se torna possível uma nova entrega? Será que o que resta é uma vida solitária, sem significado? Quero acreditar que há mais, que existe a esperança de me recompor de voltar a encontrar um sentido em tudo o que me rodeia. Sem dor, sem mágoa… Irei eu conseguir tal proeza sem sucumbir? Posso apenas dizer que eu já fui feliz e por vezes é difícil acreditar que posso voltar a encontrar novamente essa felicidade no meio de tanta hipocrisia.”

Morrighan 23/09/2013 – 9:02

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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