“Vejo-te por aí, sem rumo. Tropeças em ti mesmo sem saberes por onde ir, onde chegar. Desamparado, procuras nas ruas do caos um pouco de serenidade, mas nada encontras. Tombas e levantas-te, cais em ti e nos outros estendendo uma mão que ninguém apanha. Tentas preencher o vazio de ti mesmo com o ruído dos outros que nada te diz. Vives uma vida que não é aquela que queres nem a que ambicionaste, mas fraquejas constantemente na tentativa de arranjar forças para lutar por mais e melhor. És uma sombra com pedaços de Sol nos dias menos maus, nesses tão raros dias em que consegues atingir um qualquer objectivo irrelevante, mas que ainda assim é uma pequena conquista. Uma sombra em que os pedaços de Sol não duram, são abafados e engolidos para a escuridão sem qualquer piedade. Não queres luz, afundas-te na tua própria amargura e desilusão, qual ciclo vicioso. Pergunto-me se chegará o dia em que darás conta que andas a desperdiçar uma vida cheia de potencial, de raios luminosos e de talento oprimido. Pergunto-me, principalmente, se chegará o dia em que darás conta que a cada pedaço de sombra quer ser engolido por mim. Pois eu vejo em ti tudo aquilo a que te recusas entregar, toda a enormidade do que és capaz, mas cujo medo te paralisa. Entretanto, espero-te a cada canto, tentando trocar um pouco da tua sombra pelo meu Sol que, por ti, é infinito.”
Morrighan 07/10/2013 – 12:28