Escritos Aleatórios #39

“É no meio dos escombros que deixaste em mim, que encontro o melhor de mim. É na revolta por me teres abandonado desta maneira, que encontro a ousadia de fazer o que antes nunca teria coragem de fazer. Porque mudar é preciso, evoluir é preciso, seguir em frente é preciso. Não, não nego que é difícil, não nego que o esforço é de tal magnitude que me deixa exausta, esgotada. É um passo de cada vez, um dia de cada vez. Objectivos curtos, visão longa, conquistas pequenas, felicidade maior. 

Encontro-me nas sombras do que foi um dia o nosso lar. Lar esse que apesar de não ter um tecto e ser apenas um conjunto de emoções é agora um local vazio, inóspito, despido de mim e de ti, da alegria e amor que em tempos pensei que fosse suficiente para nos suster para sempre. Bem dizem que o para sempre não existe, mas de que maneira podemos nós pensar numa relação senão assim? Quando se ama alguém é sequer aceitável que se pense de outra forma? Para quê continuar se à partida o fim está marcado? 

Pensei que seria para sempre e não me arrependo, mas não mais aceito os parasitas que habitam as lembranças do teu rosto e do que fomos entrarem no meu sistema. Não mais aceito castigar-me por algo a que dei tanto, por algo por que seria capaz de tudo. 

Renovo-me a cada dia, reencontro-me e reescrevo-me tendo sempre em conta a bagagem que levo comigo. A cada mudança, a cada renascer, começo a reparar que também a realidade à minha volta rejubila com isso. E a perspectiva de um amanhã ainda melhor do que hoje não pode ser quebrada, não pode ser posta em causa. Sei que é uma convicção frágil, esta a que me agarro tão desesperadamente, mas também sei que a posso fortalecer a cada dia.

Ouso viver novas experiências, dar mais de mim a vontades que através de ti tiveram sempre de esperar, que acabaram sempre reprimidas num canto escuro. Tenho a audácia de escolher ser feliz mesmo que para isso tenha de viver um luto disfarçado de sorrisos e de lágrimas contidas. A seu tempo, um novo eu sendo eu mesma irá emergir. Não é que seja uma pessoa diferente, porque as essências das pessoas raramente se transformam de forma drástica, mas sinto-me a começar a ter outra percepção da vida, da realidade e do quão maravilhoso é ter a oportunidade de viver uma vida plena na conquista do nosso bem estar e de quem nos rodeia. Desafio a desafio, da derrota à vitória, eu sei que voltarei a estar dignamente de pé. E aí, será tarde demais para ti.”

Morrighan 21/11/2013 – 00h21 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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