Hugh Howey
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea #112
Sinopse: Num mundo pós-apocalíptico, encontramos uma comunidade que tenta sobreviver num gigantesco silo subterrâneo com centenas de níveis, onde milhares de pessoas vivem numa sociedade completamente estratificada e rígida, e onde falar do mundo exterior constitui crime. As únicas imagens do que existe lá fora são captadas de forma difusa por câmaras de vigilância que deixam passar um pouco de luz natural para o interior do silo. Contudo há sempre aqueles que se questionam… Esses são enviados para o exterior com a missão de limpar as câmaras. O único problema é que os engenheiros ainda não encontraram maneira de garantir que essas pessoas regressem vivas. Ou, pelo menos, assim se julga…
Opinião: As distopias têm andado na moda graças aos mundos pós-apocalípticos tão extraordinariamente criados e em O Silo temos o privilégio de testemunhar mais uma. Curioso, o percurso de edição desta obra que começou com pequenos capítulos numa small press, passando posteriormente para uma auto publicação na plataforma Kindle, tornando-se um best-seller do New York Times pouco tempo depois. Nesta obra, Hugh Howey presenteia-nos com um mundo submerso numa atmosfera corrosiva, em que o único porto seguro é o silo em que as pessoas se encontram, ou assim parece. No entanto, os segredos encerrados naquelas escadas e naquelas paredes parecem sussurrar cada vez mais alto e a ameaça de uma nova insurreição começa cada vez mais a pairar no ar.
São vários os personagens que vão ganhando protagonismo ao longo da trama. Tudo começa com o mistério da Limpeza, ou seja, com aqueles que por violação das leis são obrigados a deixar o silo sempre com a missão de limpar as lentes que proporcionam a visão do mundo exterior. E, apesar de todos dizerem que não irão limpar nada, afinal estão a ser condenados à morte, o que é certo é que todos, sem falha, acabam por fazer a Limpeza. Isto é, todos até ao dia em que alguém vai mais longe em relação aos segredos do silo e em vez de limpar as lentes, segue caminho, ultrapassa o limite de visão das câmaras do silo, e com isso instala o caos.
Estamos perante uma história cuja realidade não é difícil de imaginar. Interesses políticos, um mundo destruído por armas químicas (ou assim me pareceu), a sobrevivência da espécie através do confinamento, mas também o isolamento para que possam preservar todos os segredos que esse mesmo confinamento implica. Toda a estrutura do silo está organizada de forma a que, para manter o silo a funcionar a 100% sem risco de tragédia, todas as pessoas se mantenham de tal maneira ocupadas que não haja tempo para pensarem em mais nada e muito menos colocarem questões.
Gostei bastante da forma como as expectativas foram sendo geradas, impelindo-me sempre a ler mais uma página, a querer saber como é que todo aquele mistério iria ser desvendado. É certo que não existe um protagonista total e absoluto por quem o leitor se afeiçoe, mas à medida que existe uma pessoa a assumir esse protagonismo, conseguimos sentir uma empatia praticamente automática provocando um sentimento de incentivo e protecção em relação à mesma.
Foi uma leitura relativamente rápida e que deixou semeada a curiosidade. Vou ficar ansiosamente à espera que venha a continuação, pois este fim acabou por deixar ainda mais perguntas por responder.
Li este livro no ano passado e aquilo de que mais gostei foi da forma como o autor pensou em todos os pormenores e criou uma sociedade de raíz: que importância pode ter uma simples folha de papel quando se vive num silo? O que fazer com os corpos de quem morre? Como controlar a natalidade?
Gostei muito desta história e é um facto que o fim deixa as portas abertas para uma continuação… livro esse que já existe 🙂
Agora penso é que ainda não terá sido publicado em Portugal…
Mariana Oliveira