Opinião: O Oceano no fim do Caminho de Neil Gaiman

O Oceano no fim do Caminho

Neil Gaiman

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Este livro é tanto um conto fantástico como um livro sobre a memória e o modo como ela nos afeta ao longo do tempo. A história é narrada por um adulto que, por ocasião de um funeral,  regressa ao local onde vivera na infância, numa zona rural de Inglaterra, e revive o tempo em que era um rapazinho de sete anos. As imagens que guardara dentro de si transfiguram-se na recordação de algo que teria acontecido naquele cenário, misturando imagens felizes com os seus medos mais profundos, quando um mineiro sul-africano rouba o Mini do pai do narrador e se suicida no banco de trás. Esta belíssima e inquietante fábula revela a singular capacidade de Neil Gaiman para recriar uma mitologia moderna.

Opinião: Escrever sobre um livro de Neil Gaiman impõem-me sempre algum respeito. Não por ser o Neil Gaiman, mas porque até hoje as obras que já li suas me tocaram sempre de forma muito especial. Fica sempre um sentimento de reverência à capacidade que o escritor tem de misturar elementos heterogéneos de forma tão harmoniosa. Ele é a visita à infância, a nostalgia que emerge ao relembrarmos a nossa paixão pelas coisas simples, os laivos de horror que fazem sobressair os momentos mais calorosos e emotivos, construindo uma história bonita, que nos prende, que nos faz ter saudades dos tempos em que tudo nos parece possível.

Acreditar no impossível, a inocência desse gesto, abandonou-me desde muito cedo. Aliás, eu nem me lembro de alguma vez acreditar no Pai Natal, o que talvez até seja uma coisa triste. A verdade é que ao ler O Oceano no Fim do Caminho foi impossível não me deslumbrar com a coragem deste rapazinho de sete anos, em que mal damos pelo facto de não sabermos o seu nome próprio, em enfrentar o desconhecido, em aceitar o inaceitável. Se no início e no fim estamos perante um adulto com uma vida um pouco mal resolvida, é certo que quando mergulhamos nas suas recordações encontramos actos extraordinários e somos testemunhos da criação de um laço belíssimo com Lettie, uma rapariguinha que diz ter 11 anos, mas há quanto tempo terá ela 11 anos?

Nota-se que a história tem um cunho bastante pessoal, apesar de não ser autobiográfico. Inicialmente foi idealizada para um conto, mas rapidamente se tornou em algo maior. São menos de duas centenas de páginas, numa aposta ousada dado o estilo de Neil Gaiman, em que um lago é na verdade um oceano, em que se criam buracos no coração que são caminhos para outros mundos e em que as relações familiares estão longe de serem perfeitas. E o sacrifício. A derradeira lição, o aperto no peito quando alguém se sacrifica por outra pessoa. Gostei imenso e fiquei com vontade de ler os restantes livros do autor que ainda não tive oportunidade de ler. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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